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Jerusalém. EUA inauguram embaixada sob ameaça da Al-Qaeda e entre protestos de palestinianos

14 mai, 2018 - 10:04

Inauguração vai ter várias cadeiras vazias, incluindo a de Donald Trump, que enviou a filha e o genro. Especialista em relações Internacionais diz na Renascença que Washington está a assumir uma “posição ‘só Israel’” no Médio Oriente.

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É inaugurada esta segunda-feira, dia do 70º aniversário do Estado judaico, a embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém. A cerimónia decorre sob a ameaça do grupo terrorista Al-Qaeda.

Num vídeo de cinco minutos intitulado “Telavive também é uma terra de muçulmanos”, o líder do grupo apela à guerra santa contra os Estados Unidos.

Na mensagem que começou a ser divulgada no domingo, Ayman al-Zawahiri diz que o Presidente norte-americano “foi claro e explícito e mostrou o verdadeiro rosto da cruzada moderna”.

“Com ele, o apaziguamento não funciona, só a resistência, através da ‘jihad’”, lê-se na transcrição feita pela agência Intelligence Group, que se dedica à vigilância de portais islamitas.

Nas ruas, há muito que começaram os protestos. Segundo a agência Reuters, 10 palestinianos morreram (entre os quais uma criança de 14 anos) e cerca de 500 ficaram feridos em confrontos, esta segunda-feira, com a polícia israelita na fronteira com Gaza.

O clima de tensão tem vindo a aumentar desde há seis semanas, com a preparação da abertura da embaixada norte-americana. Através de altifalantes colocados nas mesquitas, os palestinianos foram instigados a juntar-se à “Grande Marcha do Regresso”.

Washington reagiu apontando o dedo ao Hamas, acusando-o de fomentar a violência e Israel reforçou o patrulhamento das fronteiras de Jerusalém.

Desde que começaram as manifestações, a 30 de março, as tropas israelitas já mataram 45 palestinianos, segundo dados oficiais da Palestina.

Inauguração boicotada

São vários os países que não marcarão presença na cerimónia de inauguração da nova representação diplomática norte-americana. Portugal é um dos que não se fará representar, tal como Espanha, Reino Unido, França e Itália.

Foram convidados perto 86 embaixadores e encarregados de negócios, mas só 40 aceitaram o convite.

Também ausente estará o próprio Presidente dos EUA, Donald Trump, que inicialmente tinha mostrado vontade de assistir à cerimónia, mas será representado pelo secretário de Estado adjunto, John Sullivan, a sua filha Ivanka e o marido desta, o conselheiro da Casa Branca Jared Kushner.

De acordo com um alto responsável norte-americano, o Trump irá dirigir-se aos convidados através de uma mensagem de vídeo.

O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a transferência da embaixada instalada até agora em Telavive foram anunciados a 6 de dezembro, em consonância com a sua promessa eleitoral, mas em rutura com décadas de consenso internacional.

A decisão foi recebida pelo mundo árabe como uma provocação. Apesar da contestação da comunidade internacional e dos palestinianos, os Estados Unidos mantiveram a decisão e Trump fez ainda coincidir o evento com a comemoração dos 70 anos do nascimento do Estado de Israel, proclamado em 14 de maio de 1948, na sequência do fim do mandato britânico na Palestina.

Trump, Médio Oriente, Jerusalém. A história de um equilíbrio de forças frágil
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EUA são “só Israel” no Médio Oriente

O especialista em relações internacionais Germano Almeida considera que a decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e mudar para lá a representação norte-americana afasta a Casa Branca do papel mediador de forma inequívoca.

“A administração Trump assumiu que deixa de ser intermediário, sendo que os Estados Unidos sempre assumiram sempre esse papel – foi o papel assumido por Clinton, os dois Bush, por Reagan e ainda por Obama”, recorda o especialista na Manhã da Renascença.

“Naturalmente que é uma questão complicada e é verdade que, tradicionalmente, os Estados Unidos têm uma posição pró-Israel, mas perante esta decisão eu diria que o Presidente Trump não tem uma posição pró-Israel, tem uma posição ‘só Israel’”, conclui.

Germano Almeida recorda que essa tendência já foi vista “com a saída do acordo do Irão”.

“Nesta região, a posição de Trump é demasiado pró-israelita com o mundo árabe a ficar de facto numa posição explosiva, muito contra os Estados Unidos”, criando nos terroristas espaço para apontar os EUA como “uma ameaça e que têm de ser derrotados”.


[Notícia atualizada às 11h53 com o número de vítimas palestinianas nos confrontos]

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