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Marcelo critica EUA e a tomada de posição unilateral

31 mai, 2018 - 21:52

Chefe de Estado lamenta a imposição de "regras só para alguns e de vez em quando", referindo que se deve "pensar duas vezes" em tomar "medidas unilaterais que atingem o aliado".

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O Presidente da República criticou, acerca da nova política comercial norte-americana, a imposição de "regras só para alguns e de vez em quando", referindo que se deve "pensar duas vezes" em tomar "medidas unilaterais que atingem o aliado".

"Quando há regras que valem para todos e sempre, não é para valerem só para alguns e de vez em quando, senão não é possível haver regras no comércio internacional", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no Porto, após ter sido questionado pelos jornalistas sobre a decisão dos Estados Unidos de suspender a isenção dos direitos de importação de aço e alumínio da União Europeia, do Canadá e do México.

Para o chefe de Estado, "quando alguém é aliado de alguém deve pensar duas vezes quando toma medidas unilaterais que atingem o aliado", porque, "mesmo quando se é muito forte, há de aparecer um dia na vida em que se precisa desse aliado".

"E é mau se antes se não tratou devidamente o aliado", afirmou Marcelo, depois de jantar com sem-abrigo na Associação dos Albergues Noturnos do Porto (AANP).

O Presidente da República disse ainda concordar com as declarações feitas sobre o assunto pelo primeiro-ministro português, António Costa, e pela chanceler alemã, Angela Merkel, que terminou hoje o segundo dia de visita a Portugal, ainda antes de ser conhecida a decisão.

"A Europa está, estará e ficará unida perante desafios como esse", vincou.

O Departamento do Comércio norte-americano suspendeu hoje a isenção dos direitos de importação de aço e alumínio da União Europeia, do Canadá e do México, numa decisão que dispara as tensões comerciais e provocará represálias dos parceiros.

"Decidimos não estender a exceção para a União Europeia, Canadá e México, pelo que estarão sujeitos a tarifas de 25% e 10%" na importação de aço e alumínio", respetivamente, indicou o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, antes de terminar o prazo para a tomada de uma decisão sobre o assunto.

A União Europeia anunciou entretanto que vai denunciar perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) a decisão norte-americana de suspender a isenção dos direitos de importação de aço e alumínio e garantiu que irá responder de forma "proporcional".

"Os Estados Unidos não nos deixam agora outra escolha que não seja a de recorrer à resolução de litígios da OMC e à imposição de tarifas adicionais sobre diversas importações dos EUA. Vamos defender os interesses da União em total cumprimento da lei comercial internacional", declarou o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker.

Angela Merkel considerou "ilegais" as taxas aduaneiras decididas pela administração norte-americana liderada pelo Presidente Donald Trump, advertindo ainda para o risco de uma escalada.

Do lado de Paris, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Baptiste Lemoyne, qualificou as taxas norte-americanas como "injustificáveis e insustentáveis" e pediu a Bruxelas para responder com medidas preventivas e de "reequilíbrio".

Também o Reino Unido reagiu e declarou estar "profundamente dececionado" com a decisão norte-americana.

"O Reino Unido e outros países da União Europeia [UE] são aliados próximos dos Estados Unidos e deviam estar total e permanentemente isentos das medidas norte-americanas sobre o aço e o alumínio", disse o porta-voz do Governo britânico.

O presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, manifestou-se "dececionado", referindo que a UE vai responder com "todas as ferramentas" à sua disposição.

"Apoiamos os nossos trabalhadores e a indústria europeia e vamos responder com todas as ferramentas disponíveis para defender os nossos interesses", escreveu Tajani, numa mensagem na rede social Twitter.

Comentários
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  • António Costa
    01 jun, 2018 Cacém 04:49
    Penso que não é necessário referir histórias como a fábula do leão e do rato, histórias que relembram que o mundo dá muitas voltas. E que o poderoso hoje, pode vir a precisar do fraco. Enfim, mas neste momento "quem quer saúde paga-a". "Quem quer educação paga-a". E porque não? Quem quer ter os EUA como aliado paga! Mas para pagar isto tudo temos que pertencer ao grupo das "pessoas cheias" de $$$$. As "pessoas vazias" de $$$$ é que pensam muitas vezes. Não que lhes valha de muito, enquanto os ganhos multimilionários do petróleo existirem.

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