10 jun, 2018 - 09:41 • Reuters
Os líderes da Coreia do Norte e dos Estados Unidos, Kim Jong-un e Donald Trump, já chegaram a Singapura, para a cimeira histórica que se realiza no dia 12.
Kim Jong Un foi o primeiro a chegar, com Donald Trump a aterrar algumas horas depois.
Ambos os líderes foram recebidos pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Singapura, Vivian Balakrishnan. Nas suas primeiras palavras oficiais, Kim elogiou o papel desempenhado pelos anfitriões, dizendo que caso a cimeira seja um sucesso o papel de Singapura será recordado. Donald Trump limitou-se a dizer que se sentia "muito bem" com esta cimeira.
A delegação de Trump inclui o secretário de Estado Mike Pompeo, o conselheiro de Segurança Nacional John Bolton e o chefe de gabinete, o general John Kelly. Viaja também a chefe do gabinete de imprensa Sarah Sanders.
O encontro, marcado para terça-feira na ilha turística de Sentosa, será a primeira vez que os líderes dos dois países se encontram pessoalmente. Nunca houve sequer uma conversa telefónica entre os chefes de Estado americano e norte-coreano, países que estiveram em guerra entre 1950 e 1953.
Em cima da mesa, nesta cimeira, está o programa nuclear da Coreia e a paz na península coreana. A Coreia do Norte passou décadas a desenvolver armas nucleares, culminando no teste de um engenho termonuclear em 2017. Conseguiu também testar, com sucesso, mísseis com alcance suficiente para atingir o continente americano.
Os testes surgiram durante uma campanha de “máxima pressão”, liderada pelos Estados Unidos, que levou ao apertar das sanções contra a Coreia do Norte e levantou a possibilidade de ações militares.
Numa mensagem de Ano Novo, Kim disse que o seu país tinha completado o desenvolvimento do seu programa nuclear e que se concentraria agora no desenvolvimento económico, sugerindo um encontro com a Coreia do Sul.
Depois de uma série de contactos entre as duas coreias, as autoridades da Coreia do Sul informaram Donald Trump, em Março, que Kim estaria disposto a encontrar-se pessoalmente com ele.
Esta cimeira surge depois de semanas de discussões, por vezes agrestes, e chegou mesmo a ser cancelada devido à revolta da Coreia do Norte por causa de mensagens de alguns conselheiros americanos.
Ainda assim, há quem seja cético quanto a ideia de que Kim alguma vez venha a abandonar o seu programa nuclear, argumentando que estas suas abordagens têm por objetivo apenas conseguir que os Estados Unidos aliviem as sanções económicas que têm dificultado a vida ao país.
Já Donald Trump espera conseguir alcançar reconhecimento no palco internacional antes de eleições para o congresso, em novembro.
Com cerca de 34 anos (a idade ao certo não é conhecida), Kim é um dos mais jovens chefes de Estado no mundo e revela-se um candidato pouco provável para fazer história de uma forma que nem o seu pai, nem o seu avô, conseguiram.
Mas desde que tomou o poder em 2011, depois da morte do seu pai, o jovem Kim revelou uma mistura de impiedade, pragmatismo e estadismo para conseguir aquilo que deseja: sentar-se à mesma mesa que o líder dos Estados Unidos e ser tratado com respeito.
Os dois países estiveram muito próximos da guerra o ano passado, com os líderes a trocar insultos e ameaças, até que Kim se ofereceu para se encontrar com Trump e discutir o desarmamento nuclear. O Presidente americano aceitou logo a proposta.
A transformação de Kim de pária internacional para chefe de Estado responsável deu-se num par de meses.
Os dois líderes encontram-se na terça-feira de manhã, 2h00 em Lisboa, na ilha de Sentosa, um antigo refeitório militar britânico que é hoje um hotel de luxo.
[Notícia atualizada às 14h22]