13 jun, 2018 - 10:43
O ministro italiano dos Negócios Estrangeiros convocou o embaixador de França no país, no âmbito das declarações caracterizadas como “surpreendentes” por parte do Presidente francês sobre o navio “Aquarius”, com 629 migrantes a bordo.
O início do encontro com embaixador francês Christian Masset está agendado na Farnesina, em Roma, a sede do ministério dos Negócios Estrangeiros, segundo fonte diplomática citada pela agência France Presse.
O Presidente Emmanuel Macron criticou terça-feira o “cinismo e a irresponsabilidade” de Itália, por ter recusado o desembarque dos migrantes.
O escritório do dirigente francês referiu que não pretende que seja “aberto um precedente” que permita aos países europeus violarem as leis internacionais e transferir para outros membros da União Europeia a responsabilidade de acolher os migrantes.
Em resposta a estas posições, o vice-presidente do Governo italiano e ministro do Trabalho, Luigi di Maio, afirmou não receber “lições” de França.
Di Maio, líder do partido Movimento 5 Estrelas, criticou a França por “expulsar diariamente imigrantes", que cruzam a fronteira para chegar às cidades italianas de Ventimiglia (noroeste) e Bardonecchia (norte).
Outro vice-presidente, o ministro do Interior e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, afirmou o desejo de “trabalhar serenamente por todos, mas com um princípio: primeiro, os italianos".
Espanha aceitou receber o “Aquarius” no seu porto de Valência.
O navio, da organização não-governamental SOS Mediterranée, tinha partido para Espanha, escoltado por duas embarcações da Marinha italiana, depois de o Governo italiano ter rejeitado o desembarque.
Depois de serem informados da mudança de destino, os migrantes agradeceram de qualquer forma, uma vez que o seu principal receio era o de regressarem à Líbia, país de onde tinham navegando.
A recusa da Itália em receber o “Aquarius” causou uma série de acusações entre diferentes países europeus, para os quais Roma reivindica a distribuição de imigrantes que chegam da África e a revisão do Protocolo de Dublin, que estabelece normas.