18 jun, 2018 - 07:40 • Celso Paiva Sol
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Apesar de o Mediterrâneo ter voltado a estar debaixo do foco mediático – em grande parte por causa do navio “Aquarius”, que no domingo chegou finalmente ao porto espanhol de Valência – a verdade é que os dados oficiais apontam para uma redução drástica do número de imigrantes que estão a fazer aquela travessia.
“Houve um decréscimo bastante elevado nas chegadas de embarcações por via do Mediterrâneo central, com uma tendência de cerca de menos 77% se compararmos com o período homólogo do ano passado”, afirma à Renascença a diretora de operações da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex).
Ana Cristina Jorge explica que se trata “do fluxo migratório maioritariamente proveniente da Líbia em direção ao sul de Itália”.
Já “no Mediterrâneo Este, dos fluxos essencialmente da Turquia em direção à Grécia, os números nesta área decresceram bastante”, acrescenta.
A diferença é ainda muito maior se a comparação for feita com os anos de 2014, 2015 e 2016.
Pelo contrário, “verificamos nestes últimos tempos uma tendência de crescimento na rota com origem em Marrocos em direção ao sul de Espanha”, diz ainda.
Entre as explicações para aquela redução tão acentuada, a Agência Europeia de Fronteiras aponta a atuação mais eficaz das autoridades da Líbia, que está, no entanto, a criar uma nova rota – agora, a partir da Tunísia.
Ana Cristina Jorge, inspetora do SEF no cargo de diretora de operações da “Frontex” desde 2012, diz que as redes de tráfico continuam bastante ativas, sempre em adaptação às operações de fiscalização do Mediterrâneo.
Apesar dos números revelarem melhorias significativas, a responsável deixa um aviso: o problema está apenas contido, não resolvido e tudo pode mudar de um momento para o outro.
A entrevista à diretora de operações da “Frontex” passa na íntegra na emissão da Renascença pouco depois do meio-dia.
Segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), desde janeiro chegaram à Europa mais de 44 mil e 500 pessoas. Destas, 35.455 atravessaram o Mediterrâneo. Quase 800 (792) morreram na travessia ou estão desaparecidas no mar.