18 jun, 2018 - 11:00
Portugal é o segundo melhor país europeu no combate às alterações climáticas, sendo só ultrapassado pela Suécia, segundo um estudo que avalia o papel dos Estados-membros na definição de metas para a promoção da eficiência energética.
A grande maioria "está a falhar o objetivo" de alcançar as metas do Acordo de Paris e Portugal está entre os poucos países que tem apelado para metas e políticas mais ambiciosas na área da energia e clima, como a redução das emissões de gases com efeito de estufa, conclui o estudo apresentado pela Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe).
Intitulado "Off target: Ranking of EU countries’ ambition and progress in fighting climate change", o estudo avalia o papel que os Estados-membros estão a desempenhar na definição de metas e políticas ambiciosas na área da energia e clima e o progresso que estão a fazer na redução das emissões de gases com efeito de estufa e na promoção das energias renováveis e eficiência energética.
O trabalho foi divulgado em Portugal pela Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, que integra a CAN-Europe, e lista nos primeiros lugares a Suécia (77%), Portugal (66%), França (65%), Holanda (58%) e Luxemburgo (56%), considerando que não há qualquer país a preencher os requisitos para ocupar o primeiro lugar.
"Temos um segundo lugar que no fundo é um terceiro, na medida em que nenhum país da Europa atinge os 100%, somos o segundo país porque a Suécia nos consegue superar nesta seriação dos 28 países da União Europeia", disse à agência Lusa o presidente da Zero, Francisco Ferreira.
Para o ambientalista este resultado "muito simpático" para Portugal mostra que o país "tem um caminho que não pode perder em termos de oportunidade" para cumprir o Acordo de Paris.
"Reflete acima de tudo o esforço que Portugal tem vindo a fazer, quer internamente, quer nas negociações à escala europeia e, nesse contexto, tem sido dos países que tem defendido metas mais ambiciosas" para a redução de gases com efeito de estufa, apontou.
Entre os aspetos positivos, que pesaram na classificação, estão questões na área da energia e do clima, "à escala europeia e em termos de defesa de políticas mais ambiciosas" e à escala nacional, com "vários compromissos nomeadamente a retirada do carvão até 2030 e a neutralidade carbónica em 2050", explicou Francisco Ferreira.
"Infelizmente, Portugal tem também aspetos negativos aqui ponderados, nomeadamente a possibilidade de vir a explorar petróleo e gás é, sem dúvida, visto à escala europeia, como um retrocesso potencial e relevante", realçou, acrescentando que, em relação ao uso do carvão, o Governo fixou a data de 2030 para terminar, mas "era bom que acontecesse antes".
O especialista defende que Portugal deve ir mais longe, por exemplo, também no aumento de produção de energia a partir do sol. O país aproveita apenas 2% da capacidade ao contrário de outros países, quando tem mais de 3.000 horas de exposição solar.