18 jun, 2018 - 17:36
O Presidente norte-americano Donald Trump, acossado dentro de portas por democratas e republicanos por estar a separar mães e filhos que atravessam a fronteira mexicana clandestinamente, lançou esta segunda-feira um ataque à Alemanha e às políticas de Angela Merkel para os refugiados.
“Os alemães estão a virar-se contra os seus líderes ao mesmo tempo que as migrações estão ameaçar a frágil coligação de Governo”, escreveu Trump no Twitter.
As criticas à Alemanha não são novas e já tiveram vários capítulos: houve o excedente comercial, os gastos com a defesa de aliados da NATO e agora emerge novamente a questão dos refugiados.
Já em novembro de 2014, durante a campanha eleitoral, Trump tinha apelidado de "louca" a decisão de Merkel de manter refugiados sírios no país no verão de 2015, no pico da crise humanitária de requerentes de asilo que estavam a chegar à Europa aos milhares.
No tweet desta segunda-feira, Trump diz que o crime na Alemanha “está a crescer”, ligando esse alegado facto à entrada de migrantes e refugiados no país. Note-se que, em maio, o ministro alemão do Interior recordou que a taxa de criminalidade está nos níveis mais baixos registados desde 1992.
“Um grande erro em toda a Europa foi permitir a entrada de milhões de pessoas que mudaram tanto e tão violentamente a cultura”, acusa Trump. “Não queremos que o que está a acontecer com a Europa nos aconteça a nós”, reforçou depois.
Os analistas estão a ligar estas declarações de Trump a uma tentativa de desviar atenções dos obstáculos internos que enfrenta, numa altura em que está a ser criticado um pouco por todo o mundo.
O Presidente norte-americano tem repetidamente feito declarações falsas em que acusa os democratas de terem aprovado leis para separar filhos de progenitores quando atravessam a fronteira EUA-México clandestinamente.
Na verdade, não existe legislação no sentido que Trump reclama haver e que, defende, está a aplicar no âmbito de uma política de “tolerância zero” para a emigração.
Merkel sob pressão
Na última semana, Merkel foi confrontada com uma rebelião aberta pela intransigente ministra do Interior, Horst Seehofer, que critica há muito tempo a postura liberal da chancelaria em relação aos refugiados e migrantes. Para Seehofer, o controlo das fronteiras alemãs deve ser reforçado.
Depois de conversações que entraram pela noite dentro mas que, mesmo assim, não resolveram a disputa, uma sessão parlamentar na quinta-feira foi suspensa para permitir que os campos rivais - a CDU de Merkel e o seu partido gémeo da Baviera, a CSU de Seehofer - se reunissem para discussões estratégicas.
Seehofer exigiu como parte de um novo "grande plano para as migrações" que a polícia de fronteira alemã tenha o direito de recusar passagem a todos os requerentes de asilo que não tenham documentos, bem como aos que estão registados noutros países da União Europeia.
Merkel rejeitou a ideia sob o argumento de que pode ser vista pelo bloco europeu como uma decisão unilateral caracterizada pela falta de solidariedade para com os países banhados pelo Mediterrâneo que servem de portas de entrada marítima na UE, sobretudo Itália e Grécia.