19 jun, 2018 - 18:51
O ministro do Ambiente avisou esta terça-feira que as consequências das alterações do clima poderão ser "irreversíveis", tornando-se "essencial limitar significativamente" as emissões de gases com efeito de estufa.
Durante a sessão "A Transição Energética em Portugal e a contribuição para a neutralidade carbónica", que decorreu esta tarde em Lisboa, João Pedro Matos Fernandes disse que as múltiplas dimensões e os efeitos à escala global das alterações climáticas têm vindo e continuam a ser um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta.
Portugal comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica em 2050, ou seja, reduzir as emissões de dióxido de carbono e conseguir "anular" as restantes, por exemplo utilizando o sequestro pelas florestas, uma meta mais ambiciosa que a europeia, que é de até 2030 diminuir em 40%.
O custo de "não fazer nada" para conter o aumento da temperatura global a 2º celsius, a meta do acordo de Paris sobre combate ao aquecimento global, pode representar cerca de 6% do PIB mundial em 2050, e a procura energética global em 2040 será 30% superior à atual, ou seja, "seria o mesmo que acrescentar uma India ou uma China à procura atual" exemplifica o ministro.
João Pedro Matos Fernandes alertou para a necessidade de agir pois este "é um cenário que coloca uma pressão insustentável sobre os recursos naturais do planeta".
"Este é também um caminho que tem vindo a ser prosseguido por alguns países a nível Europeu, e tenho absoluta consciência de como foi pioneira a afirmação política do primeiro-ministro em Marraquexe. Sabemos que hoje não estamos sozinhos, não estamos ainda muito acompanhados em número, mas estamos bem acompanhados", acrescentou.
O ministro recordou que esta semana Portugal ficou em segundo lugar, atrás da Suécia, entre os países europeus num 'ranking' sobre ambição em metas e medidas para cumprir o Acordo de Paris, salientando que este facto deve "obrigar o país a ter ainda mais empenho" nas questões ambientais.
João Pedro Matos Fernandes considerou ainda importante que "ninguém confunda as expressões energias renováveis e renda excessiva" e que "nunca se deixe passar para as pessoas a mensagem errada de que a produção de energia de fontes renováveis é um peso nos nossos bolsos".
Durante a sessão, quatro ativistas contra a prospeção de petróleo em Portugal exibiram cartazes com inscrições como "Furo de Petróleo = Caos Climático", com o intuito de protestar contra o avanço do furo para pesquisa de petróleo no Algarve, mas foram rapidamente retirados da sala.