19 jun, 2018 - 18:41
O número de pessoas deslocadas atingiu um novo recorde de 68,5 milhões durante o ano passado, indica o relatório anual Tendências Globais divulgado, esta terça-feira, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Mais de metade dos deslocados, 53%, são crianças, incluindo muitas que estão desacompanhadas ou separadas de suas famílias.
As crises contínuas em países como o Sudão do Sul, a República Democrática do Congo, Iémen e o êxodo dos rohingya de Myanmar explicam o aumento do número total de deslocamentos forçados registado em 2017.
Um total 16,2 milhões de pessoas foram deslocados de forma forçada. O relatório conclui ainda que todos os dias há 44,5 mil deslocados à procura de uma vida melhor, o equivalente a uma pessoa a cada dois segundos.
Das 68,5 milhões de pessoas deslocadas no ano passado, há 25,4 milhões de refugiados que tiveram que deixar seus países para escapar a conflitos perseguições.
Este número representa a mais 2,9 milhões em relação a 2016 e é o maior aumento que o ACNUR registou num um único ano.
O ACNUR indica que a maioria dos refugiados vive em áreas urbanas (58%), não em acampamentos ou áreas rurais; e que a população deslocada global é jovem – 53% são crianças, incluindo muitas que estão desacompanhadas ou separadas de suas famílias.
Filippo Grandi, diplomata italiano e comissário do ACNUR, fez questão de fazer alguns mitos que assombram realidade desta crise de refugiados.
“85% desses 68,5 milhões de refugiados encontram-se em países pobres ou de médio rendimento. Isso é um elemento bastante significativo, porque deveria ser um fator que combate a noção muito prevalente em vários países de que a crise de refugiados é uma crise de países ricos. Não é. Continua a ser uma crise, maioritariamente, dos países mais pobres.”
Filippo Grandi critica ainda as fracas soluções e a ausência de progresso dos últimos anos.
“70% das pessoas incluídas nestes novos dados são cidadãos de apenas dez países dos 193 países do mundo. Este é um elemento significativo, porque significa que se realmente houvesse soluções para os conflitos nesses dez países, ou pelo menos em alguns, este número gigante em vez de subir todos os anos podia começar a decrescer, mas nós ainda não começamos a ver progressos significativos em nenhum destes dez países que representam 70% do total de deslocados em 2017”, sublinha o comissário do ACNUR.