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“Medos e mitos” explicam resistência de alguns países em relação aos migrantes

27 jun, 2018 - 23:13

Pedro Calado lembra que "estas questões se resolvem com solidariedade entre os Estados-membros e não empurrando os problemas de uns países para os outros".

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O Alto Comissariado para as Migrações (ACM) diz que são os países com menos estrangeiros que estão a "levantar mais barreiras" em receber imigrantes, mostrando que "aquilo que prevalece são os medos e os mitos".

"Se não combatermos esses mitos e medos, podemos correr o risco do populismo se instalar na Europa, se é que ele em alguns sítios não está já instalado", assegurou Pedro Calado, em declarações à agência Lusa.

Falando a propósito do navio humanitário alemão “Lifeline”, que navega há uma semana no Mediterrâneo com centenas de pessoas a bordo sem autorização de desembarque, Pedro Calado indicou que "estas questões se resolvem com solidariedade entre os Estados-membros e não empurrando os problemas de uns países para os outros".

"O papel de Portugal é estar junto daqueles que fazem parte da solução, não é ficar do lado daqueles que fazem parte do problema", sublinhou.

O primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, disse esta quarta-feira que o navio será apreendido à chegada a Malta e que os migrantes serão avaliados para determinar quais preenchem as condições para requerer asilo e que, não preenchendo, não poderão ser acolhidos.

Questionado sobre os possíveis requisitos de Portugal na receção dos imigrantes, o Alto Comissariado para as Migrações explicou que o que vai prevalecer são as regras do asilo, pois "terá de ser feita uma triagem de quem é verdadeiramente um requerente de asilo e quem não é".

"Aqueles que não forem, existem outros mecanismos legais, como os vistos para trabalho, para o estudo, etc. O asilo é para as pessoas que estão verdadeiramente em situação de risco ou de perseguição e que, por essa razão, não podem regressar ao seu país de origem", disse Pedro Calado à Lusa.

O ministro da Administração Interna português disse hoje que Portugal tem condições para acolher cerca de um décimo dos 230 imigrantes que estão a bordo do navio humanitário da organização não-governamnetal alemã “Lifeline”.

"O número de pessoas que efetivamente virão para Portugal dependerá também do conjunto de países envolvidos. Portugal disse que tinha condições para acolher cerca de um décimo dessas pessoas sem qualquer dificuldade e de imediato", afirmou aos jornalistas Eduardo Cabrita, no final da cerimónia do 42.º aniversário do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

O ministro destacou "a manifestação de solidariedade da União Europeia" nos últimos dois dias, sublinhando que oito países europeus responderam ao apelo do governo de Malta para receberem os imigrantes.

O navio, operado pela organização não-governamental alemã Lifeline Mission, navega há seis dias no Mediterrâneo com 230 migrantes resgatados perto das costas da Líbia, tendo chegado ao fim da tarda ao porto maltês de La Valeta.

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