10 jul, 2018 - 18:38
O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção, reafirma que será candidato nas eleições de outubro para "recuperar a soberania do povo brasileiro".
“Você pode ter certeza que vou ser um candidato para, entre outras coisas, recuperar a soberania do povo brasileiro”, escreveu Lula numa mensagem na rede social Facebook.
Lula da Silva disse que está “muito triste” com a situação do país, acusando o Presidente Michel Temer, no poder desde meados de 2016 após a destituição de Dilma Rousseff, de estar a promover a venda do património público, referindo-se aos projetos de privatização anunciados pelo Governo.
“É muito triste que parte do património público, construído com muito sacrifício pelo povo brasileiro a partir da metade do século XX, esteja sendo vendido de forma irresponsável, a preço de banana, para encobrir a ilegitimidade de um golpista”, acrescentou o ex-presidente na mesma mensagem.
O histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT) não fez nenhuma menção à batalha judicial entre juízes que ocorreu no último domingo em torno da sua libertação da prisão.
No último domingo, o juiz Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4), concedeu a Lula da Silva um ‘habeas corpus’ pedido por um grupo de deputados do PT, e ordenou sua libertação imediata.
No entanto, o juiz federal Sergio Moro, que analisa os casos de corrupção da Petrobras em primeira instância e que condenou Lula da Silva no ano passado, questionou a competência do seu colega e apelou para o instrutor do caso no TRF4, o juiz Joao Gebran Neto.
Gebran Neto revogou a libertação do ex-presidente, mas, logo após esta decisão. o juiz Rogério Favreto voltou a determinar a libertação de Lula da Silva. A controvérsia só foi resolvida quando o presidente TRF4, Carlos Thompson Flores, manteve o ex-Presidente brasileiro preso.
A presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, denunciou uma ‘conspiração “do sistema judicial para impedir a libertação de Lula da Silva e impedir que ele seja candidato nas eleições do Brasil que se realizarão em 7 de outubro.
No entanto, a candidatura do ex-presidente, que acumula um total de sete processos criminais na Justiça, a maioria deles por suposta prática de corrupção, e que ao mesmo tempo lidera as sondagens de intenção de voto, parece inviável.
Em causa está o facto de a lei eleitoral brasileira proibir que os condenados em segunda instância possam ser candidatos a ocupar qualquer cargo eletivo, e Lula da Silva já foi condenado em duas instâncias da Justiça brasileira.
A justiça eleitoral do país tem até 15 de agosto, quando termina o prazo para o registo das candidaturas, para se pronunciar sobre o avanço de Lula.