19 jul, 2018 - 15:45
A empresa Perpetual Guardian, que gere património, faz aplicações e investe dinheiro na Nova Zelândia, decidiu fazer um teste: quais os impactos de uma redução do horário de todos os trabalhadores a uma semana de quatro dias de trabalho?
O estudo foi conduzido por investigadores externos à empresa, da Universidade de Auckland. Durante a experiência, que durou dois meses, desde o início de março ao final de abril, os mais de 240 empregados continuaram a receber o mesmo valor salarial, como se trabalhassem cinco dias por semana.
“Era apenas uma teoria, algo que eu gostava de tentar porque queria criar um ambiente melhor para a minha equipa”, disse o CEO da empresa, Andrew Barnes, à CNN.
Com menos um dia de trabalho, a produtividade manteve-se igual àquela gerada quando os trabalhadores cumpriam cinco dias de trabalho semanal, o stress diminuiu e o balanço trabalho - vida privada melhorou.
Num inquérito realizado no ano passado, apenas 54% dos inquiridos responderam que conseguiam gerir bem o balanço vida-trabalho. Depois do teste, o número de pessoas realizadas a este nível subiu para 78%.
Os níveis de stress diminuiram cerca de 7%, enquanto que o compromisso com a equipa aumentou cerca de 20%.
O diretor da empresa diz que os trabalhadores se tornaram mais produtivos, passando menos tempo nas redes sociais e em atividade não laboral.
Tudo uma questão de liberdade
A chave para o sucesso da experiência foi a liberdade que a empresa deu ao 'staff' para reestruturar o trabalho, disse Jarrod Haar, um dos investigadores da Universidade de Tecnologia de Auckland.
Os empregados deram sugestões como a de ter pequenas bandeiras nas secretárias quando não quisessem ser incomodados.
No entanto, segundo a investigadora Helen Delaney, alguns indivíduos sentiram-se sob mais pressão e stress para completar o trabalho em menos horas, especialmente as equipas que tinham grandes volumes de trabalho em mãos.
Alguns trabalhadores viram-se a trabalhar mais horas por dia, em apenas quatro dias semanais, em vez de verem reduzidas as horas de trabalho. "O trabalho simplesmente não para", afirmou um dos responsáveis da empresa. Há quem denuncie também respostas diferentes à experiência: "alguns empregados melhoraram os seus comportamentos no trabalho, enquanto outros 'levaram a mudança como uma prenda e não mudaram'".
Ainda assim, o balanço é claramente positivo para os dois investigadores. Ao conhecer os resultados, o diretor da empresa diz que recomendou à administração da empresa que a semana de quatro dias fosse implementada permanentemente.
Andrew Barnes acredita que este pode ser um exemplo para outras empresas em todo o mundo. "Porque é que estou a pagar dias de trabalho e não por produtividade?”, questiona o CEO da empresa, em entrevista ao NZ Herald. Ainda assim, o responsável diz que a empresa terá que trabalhar para implementar definitivamente a semana de quatro dias de trabalho, uma vez que esta colide com a legislação do trabalho daquele país.