25 jul, 2018 - 13:06
Um relatório apresentado esta semana na Conferência Internacional sobre a SIDA, em Amesterdão, apresenta números que estão a desacelerar o progresso alcançado pelo mundo nas últimas décadas na luta contra a epidemia da SIDA.
Os adolescentes entre os 10 e os 19 anos representam quase dois terços dos três milhões de crianças e jovens com idades entre os zero e os 19 anos que vivem com VIH. Cerca de 1,2 milhões de adolescentes entre os 15 e os 19 anos viviam com VIH em 2017 – três em cada cinco eram raparigas.
A porta-voz da UNICEF em Portugal, Francisca Oliveira, explicou à Renascença os motivos para o aumento progressivo da infeção nas mulheres, que chega a ser superior ao dobro do número dos homens infetados. “Há várias razões para o aumento desta epidemia neste grupo que é o mais vulnerável. O sexo precoce é um grande problema e o sexo não consentido, sobretudo com homens mais velhos. Há ainda uma grande incapacidade deste grupo de ter uma voz ativa nestes assuntos relacionados com o sexo, e há também uma grande falta de informação e aconselhamento nestas matérias.”
Apesar das inúmeras iniciativas e intervenções, por parte de diversos organismos, para travar este drama, o VIH/SIDA é ainda um flagelo que está longe do fim, diz esta especialista. “Ao contrário do que é comum pensar, este é um assunto que ainda está longe do fim. Nós temos aqui boas projeções do trabalho que vamos fazendo, mas os números ainda são muito elevados” admite Francisca Oliveira.
“É preciso tornar as raparigas e mulheres suficientemente seguras a nível económico para que não tenham que recorrer ao sexo enquanto trabalho. É preciso assegurarmos que elas têm informação correta sobre como o VIH é transmitido e como se podem proteger,” afirmou Angelique Kidjo, Embaixadora de Boa Vontade da UNICEF, numa dissertação que integra o relatório.
No entanto, ao longo dos anos, os trabalhos realizados para combater o vírus têm vindo a dar os seus frutos e o número de novas infeções entre crianças dos zero aos quatro anos caiu um terço entre 2010 e 2017. Hoje em dia, quatro em cada cinco mulheres grávidas que vivem com o VIH têm acesso a tratamentos que lhes permitem permanecer saudáveis e reduzir o risco de transmissão aos seus bebés.