07 ago, 2018 - 20:05
O Brasil reabriu a fronteira com a Venezuela no estado de Roraima, um dia depois de a polícia ter bloqueado a passagem para cumprir uma decisão de um juiz federal.
A entrada dos venezuelanos foi reaberta às 13h00 (17h00 em Portugal), após um tribunal de segunda instância revogar uma medida adotada no domingo pelo juiz federal Helder Girão Barreto.
Para o Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), "fechar a fronteira significa não reconhecer o imigrante como igual ao brasileiro".
A entrada dos venezuelanos por terra no Brasil foi bloqueada às 17h00 (21h00) de segunda-feira, depois de o juiz Girão Barreto ter ordenado o encerramento da fronteira até que houvesse um "equilíbrio" entre o número de imigrantes vindos daquele país no Brasil.
Segundo a imprensa local, pelo menos 100 venezuelanos foram detidos na fronteira até a decisão do TRF-1.
Roraima, um dos estados mais pobres do Brasil, é a principal porta de entrada dos venezuelanos que fogem da crise económica, política e social de seu país.
O estado já recebeu cerca de 50 mil venezuelanos, o que levou o governo local a pedir na justiça o fecho temporário da fronteira com a Venezuela, alegando não ter recursos e "o fracasso do Governo central [do Brasil] em cumprir o seu papel constitucional de controlo de fronteira, sobrecarregando o estado [de Roraima]".
Horas após o bloqueio, a juíza do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Webber, rejeitou o pedido feito pelo governo de Roraima para impedir a entrada temporária de venezuelanos e solicitou que o juiz de primeira instância fosse notificado da sua decisão.
A reabertura da fronteira, no entanto, aconteceu por ordem do TRF-1, que reconheceu que o bloqueio da Venezuela é uma "grave violação da ordem pública e jurídica."
O Governo do Brasil declarou "situação de vulnerabilidade" em Roraima no mês de fevereiro e, desde então, implantou medidas de assistência humanitária para os imigrantes venezuelanos que são lideradas pelo Exército e organizações internacionais.
Até agora, esse processo levou 820 imigrantes venezuelanos para cidades como São Paulo, Cuiabá, Brasília e Rio de Janeiro.