07 ago, 2018 - 17:55
As empresas que fazem negócios com o Irão serão impedidas de entrar nos Estados Unidos, prometeu esta terça-feira o Presidente norte-americano, Donald Trump. O aviso surgiu no dia em que entraram em vigor as novas sanções dos EUA a Teerão, sanções que a anterior administração, de Barack Obama, tinha suspendido em 2015 aquando da assinatura de um importante acordo nuclear com o país.
Apesar dos apelos dos aliados de Washington para que não restaurasse o pacote de sanções, o Governo dos EUA anunciou no início da semana que ia avançar com essa decisão. O Irão rejeitou uma oferta de última hora de Trump para negociar, dizendo que não poderia entrar em conversações com um país que decidiu abandonar o acordo de 2015.
Essa decisão foi tomada em maio, pondo em risco o acordo celebrado pelo chamado P5+1 (China, EUA, França, Reino Unido, Rússia + a Alemanha e a União Europeia como observadora). Na altura, Trump ignorou os pedidos das restantes potências signatárias, incluindo os principais aliados europeus de Washington.
Os países europeus, na esperança de persuadirem Teerão a manter o acordo em vigor, prometeram tentar minimizar o impacto das sanções e tentar que as empresas europeias não saiam do Irão. Contudo, muitas delas estão já a abandonar o país, sob o argumento de que não podem arriscar os negócios nos EUA.
"Essas são as sanções mais severas alguma vez impostas e, em novembro, aumentaram ainda mais. Qualquer um que negocie com o Irão NÃO fará negócios com os Estados Unidos. Estou a pedir PAZ MUNDIAL, nada menos!", escreveu Trump no Twitter esta terça-feira.
O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, disse na segunda-feira que a única alternativa do Irão para escapar às sanções seria aceitar uma oferta para negociar com Trump um novo acordo, mais estrito.
"Se os aiatolas querem uma solução, devem sentar-se e negociar. A pressão não cederá enquanto as negociações não começarem", disse Bolton, um dos principais falcões do Governo norte-americano, em entrevista à Fox News.
Washington não desmente que o Irão tem cumprido com os termos do acordo de 2015, mas o Presidente continua a classificar esse acordo como mau porque não é suficientemente alinhado com os interesses norte-americanos.
O Irão tem prometido continuar a respeitar o acordo enquanto os outros países signatários puderem ajudar o país a proteger-se do impacto económico da decisão de Washington.
As sanções desta terça-feira visam as compras do Irão de dólares americanos, de metais, de carvão, de software industrial e de automóveis.
Os preços globais do petróleo subiram na terça-feira devido à preocupação de que as sanções possam causar grandes distúrbios no comércio mundial, isto apesar de as medidas mais rígidas que visam as exportações de petróleo iraniana estarem programadas para entrar em vigor apenas dentro de quatro meses, no final deste ano.
Num discurso antes da reimposição das sanções, o Presidente do Irão, Hassan Rouhani, rejeitou renegociar o tratado enquanto Washington não o cumprir.
"Se se esfaquear alguém e se disser que se quer conversar, a primeira coisa que é necessário fazer é tirar a faca", disse Rouhani num discurso transmitido em direto na televisão estatal. "Somos sempre a favor da diplomacia e das negociações. Mas as negociações precisam de honestidade."