07 ago, 2018 - 07:05
O planeta corre o risco de se transformar numa “Terra estufa”, em que as temperaturas médias serão 4 a 5 graus mais elevadas, mesmo que sejam cumpridas as metas de redução de emissões de gases. O alerta surge num estudo publicado na revista norte-americana “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Se o gelo polar continuar a derreter, a área florestal a diminuir e os gases de efeito de estufa a aumentar para novos máximos, como tem acontecido todos os anos, o mundo vai chegar a um ponto em que os danos são irreversíveis. E isso “pode acontecer dentro de algumas décadas”, advertem os cientistas.
O relatório é divulgado numa altura em que uma onda de calor está a afetar a Europa, com temperaturas acima dos 40 graus, provocando secas e incêndios florestais.
Qual é o ponto de inflexão?
Os cientistas acreditam que o ponto de inflexão, a partir do qual haverá danos irreversíveis, será quando o aquecimento da Terra atingir 2 graus acima dos níveis pré-industriais.
O planeta já aqueceu um grau em relação a essa altura e continua a aquecer à velocidade de 0,17 graus por década.
No entanto, o estudo adianta que não é claro que a Terra possa permanecer estável nesse limite, ou se, poderão ser ativados elementos de inflexão importantes que gerem mais aquecimento, mesmo que o mundo pare de emitir gases de efeito estufa. Um efeito dominó difícil de parar.
O que é uma “Terra estufa”?
“É provável que uma Terra estufa seja incontrolável e perigosa para muitos”, diz o artigo.
Os autores do estudo acreditam que é provável que, se o limiar crítico for ultrapassado, serão atingidos vários pontos de inflexão que podem resultar numa mudança abrupta.
Se se chegar a esse ponto, até ao final do século, os rios irão transbordar, as tempestades causarão estragos nas comunidades costeiras e os recifes de coral desaparecerão.
Como evitar?
De acordo com os cientistas, os estilos de vida devem ser mudados imediatamente. Os combustíveis fósseis devem ser substituídos por fontes de energia com emissões baixas ou nulas, combater a destruição das florestas e plantar mais árvores para absorver o dióxido de carbono.
Contudo, mesmo que as emissões de gases de efeito estufa parassem agora, a tendência atual de aquecimento do planeta poderia desencadear outros processos que levariam a um aquecimento ainda maior.
Entre esses processos incluem-se o degelo do Ártico, a perda da camada de neve do hemisfério norte, do gelo marinho e do gelo polar.