17 ago, 2018 - 11:51
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Há menos de um ano, a maior concessionária das autoestradas em Itália e responsável pela A10, da qual fazia parte a Ponte Morandi que caiu na terça-feira, garantia que este viaduto não apresentava “qualquer problema estrutural”.
O documento é divulgado esta sexta-feira pelo jornal italiano “Corriere dela Sera”, segundo o qual a garantia de segurança foi dada pessoalmente pelo diretor (e engenheiro) da Autostrade per l'Italia ao conselheiro para a Proteção Civil Giacomo Giampedrone.
Numa sessão do Conselho Regional, em outubro de 2017, Giampedrone deu a conhecer às autoridades locais de Génova o documento que tinha recebido da concessionária.
Contudo, a agência Reuters revela, esta sexta-feira, que um outro relatório – também promovido pela Autoestradas de Itália – alerta para a falta de estabilidade da Ponte Morandi. Em causa, nomeadamente, os cabos que seguram o viaduto.
O documento, divulgado pelos jornais “La Stampa” e “La Repubblica”, foi elaborado por engenheiros do Politécnico de Milão e concluído em novembro de 2017.
As conclusões indicam que a parte da ponte que ruiu reagia à vibração “de um modo pouco expectável e que [por isso] requere uma avaliação aprofundada”.
Os peritos adiantam que tal anomalia pode estar associada à corrosão do metal de alguns cabos de sustentação. De referir que, de acordo com a agência Reuters, a maneira como os cabos da Ponte Morandi estão acondicionados dificulta o acesso aos mesmos.
A Autoestradas de Itália garante que fez todas as vistorias previstas na lei (de quatro em quatro meses) e que pediu fiscalizações adicionais a peritos externos.
A Atlantia – a holding que opera as autoestradas com portagens e aeroportos em Itália e que tem como principal subsidiária a Autostrade per l'Italia – não quis comentar ainda os documentos hoje divulgados.
Polémica sem fim à vista
Desde a sua construção, em 1967, que a Ponte Morandi é alvo de discussão. A estrutura integra a autoestrada A10, que liga a fronteira francesa a Génova, e tem sido foco de algumas preocupações, reforçadas pelos peritos desde os anos 1990.
A ponte acabou por cair na passada terça-feira, dia 13, arrastando consigo vários veículos. O último balanço das autoridades aponta para 38 mortos, três dos quais crianças, e 16 feridos, nove dos quais em estado grave. Entre entre 10 e 20 pessoas podem ainda estar nos escombros.
Na quarta-feira, o Governo italiano declarou o “estado de emergência” por 12 meses em Génova e anunciou que vai desbloquear uma verba de cinco milhões de euros do fundo de emergência nacional.
Foi ainda aberto um inquérito judicial.