17 set, 2018 - 16:00
Brett Kavanaugh, o juiz conservador apontado por Trump para ocupar o assento vago no Supremo Tribunal, pode ser afastado do posto a meio da nomeação. Durante a semana passada, o juiz foi ouvido por um comité de senadores, de maioria republicana, mas a sua nomeação poderá ser adiada devido a acusações de abuso sexual.
Kavanaugh, de 53 anos, é conhecido nos Estados Unidos pela sua posição conservadora em matérias sensíveis como os direitos homossexuais, o controlo de armas e mesmo a lei do aborto. A sua nomeação é a segunda para o Supremo Tribunal durante o mandato de Donald Trump. O cargo de juíz do supremo é vitalício e com esta manobra Trump poderá tornar o maior orgão judicial do país mais conservador.
A nomeação de Kavanaugh tem passado pelo Senado americano, onde tem sido questionado sobre se manterá os seus interesses pessoais fora de decisões importantes. Alguns críticos de Trump temem que Brett Kavanaugh penderá demasiado a favor do Presidente, já que em 2009, argumentou que um Presidente nunca deveria ser criminalmente julgado enquanto estiver no cargo. Trump está a ser alvo de várias investigações, sendo que a maior o acusa de ajudar a interferência russa nas eleições de 2016.
Agora, a controversa nomeação de Kavanaugh está comprometida. Espera-se que Kavanaugh seja eleito, uma vez que o comité judicial que aprova a nomeação tem onze republicanos e apenas dez democratas e o senado tem uma maioria de 51 senadores republicanos para 49 democratas. Mas ainda assim, nada é certo, já que duas senadoras republicanas que se encontram no comité são a favor do aborto, uma matéria em que Kavanaugh já se mostrou extremamente conservador.
No entanto, no domingo, Christine Blasey Ford, uma professora universitária na Califórnia, acusou o agora nomeado para o Supremo Tribunal de a tentar violar nos anos 80, quando os dois eram estudantes de liceu. A advogada da acusadora, Debra Katz, disse em entrevistas no domingo que a sua cliente contou que Kavanaugh estava alcoolizado quando o incidente ocorreu. "Se não fosse pela grave intoxicação de Brett Kavanaugh, era teria sido violada", disse a advogada à televisão NBC.
Dois republicanos que fazem parte do comité já vieram a público dizer que querem ouvir Ford, propondo adiar a votação, marcada para quinta-feira.
Kavanaugh já reagiu às acusações, afirmando que "esta é uma alegação completamente falsa. Eu nunca fiz nada como o que a acusadora descreve - nem a ela, nem a ninguém".
Ford começou por contar a acusação a uma senadora democrata em julho, pedindo confidencialidade, mas os conteúdos da carta acabaram por ser revelados à imprensa no fim da semana passada. A pressão da imprensa foi-se acumulando, até que Christine Blasey Ford revelou a sua identidade ao jornal "The Washington Post" e descreveu a alegada tentativa de violação de Kavanaugh, numa festa em Montgomery County. Segundo Ford, um dos amigos de Kavenaugh testemunhou a cena, mas questionado sobre o assunto ele afirma que a acusação é "uma perfeita loucura".
Ford tem agora 51 anos e é investigadora numa universidade na Califórnia. Está filiada no Partido Democrata e é ativista em várias causas liberais.
Atrasando-se a votação de Kavanaugh, os democratas tentarão fazer com que a nomeação apenas seja retomada depois das eleições do dia 6 de novembro, altura em que os democratas poderão recuperar o controlo do senado, vetando assim qualquer nomeação conservadora que Trump possa tentar. Para isso, contudo, a nomeação tem de cair até janeiro.