18 set, 2018 - 14:12
Numa jogada surpreendente, Donald Trump quer tornar públicos os documentos sobre as primeiras fases da investigação do FBI à interferência russa nas eleições de 2016. O anúncio foi feita na segunda-feira, ao final da tarde, mas os seus críticos vêem-na como mais uma tentativa do Presidente americano de minar uma investigação, a do procurador especial Robert Mueller, que procura provas de como o Chefe de Estado colaborou com o governo russo.
Os documentos que Trump quer desclassificar consistem em 21 páginas de um processo de junho de 2017, em que se inclui um pedido de renovação de um mandato de escutas para monitorizar um antigo membro da campanha de Trump, Carter Page. Três dessas páginas também dizem respeito a informação sobre uma potencial coordenação entre membros da campanha de Trump e serviços de inteligência russos.
Além disso, o Presidente ordenou também que o Departamento de Justiça torne públicas entrevistas sobre as ligações de Carter Page e, ainda, as mensagens telefónicas de James Comey, o antigo diretor do FBI, que Trump despediu, Andrew McCabe, antigo diretor interino do FBI, Lisa Page, antiga advogada pelo FBI e Peter Strzok, antigo agente do FBI. Este último foi despedido depois ter trocado mensagens com Lisa Page, sua colega e amante, sobre como prejudicar a campanha presidencial de Donald Trump.
Esta decisão em tornar públicos todos estes documentos foi altamente criticada. Trump diz que há uma "conspiração" dentro do FBI, a polícia federal, contra si. Na sexta-feira registou-se um avanço na investigação de Robert Mueller sobre uma possível cooperação entre a Rússia e Donald Trump, com o antigo diretor da campanha do atual presidente, Paul Manafort, a declarar-se culpado. E para piorar a popularidade do presidente, no decorrer da semana passada, um editorial anónimo no "New York Times" por parte de alguém dentro da administração Trump pôs em causa a competência do Presidente e a sua capacidade de cumprir as funções.
Agora, apesar de Sarah Huckabee Sanders, a secretária de imprensa do presidente, afirmar que a desclassificação de documentos foi ordenada "por razões de transparência", dentro dos Estados Unidos é vista como mais uma tentativa de Trump em interferir com a investigação de Robert Mueller. Os democratas Elijah Cummings e Jerrold Nadler criticaram a decisão, dizendo que "a extraordariamente irresponsável divulgação de informação confidencial é uma tentativa desesperada de distrair das sete declarações de culpado e das provas acumuladas de várias ações criminosas entre os seus conselheiros próximos".
A notícia surge também imediatamente após do juíz apontado por Donald Trump para o Supremo Tribunal, Brett Kavanaugh, ter sido acusado de abusos sexuais. Trump tem em Kavanaugh uma oportunidade para tornar conservador o maior orgão de justiça no país durante várias décadas, mas as acusações poderão atrasar a nomeação e, potencialmente, deitá-la por terra.