26 set, 2018 - 23:37
O Presidente da República discursou na assembleia geral das Nações Unidas para defender o "multiculturalismo reforçado" e, assim, criticando o discurso de Donald Trump.
Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para explicar que “há duas visões diferentes sobre a realidade universal”.
“Uma, de curto prazo, é uni ou minilateral, protecionista, virada para um discurso interno eleitoralista, minimizadora do multilateralismo em tudo o que seja desenvolvimento sustentável, que nega as alterações climáticas, contrária aos ‘Pactos Globais’ sobre migrações e refugiados, sobretudo atenta à prevenção nos conflitos e na manutenção da paz onde e quando, pontualmente, lhe interessa, e interessa em termos de poder económico mais do que político.”
A outra visão – explicou Marcelo - “que é a nossa, é multilateral, aberta, favorável a uma crescente da governação global, empenhada no desenvolvimento sustentável, olhando para o Direito Internacional, a Carta e os Direitos Humanos como valores e princípios e não como meios ou conveniências”, referiu.
O chefe de Estado acredita que, “no médio e longo prazo, esta visão vencerá, como venceu na União Europeia, um êxito de multilateralismo, que deu à Europa o maior período de paz de que há memória e os mais elevados níveis de bem-estar e proteção social”.
"Não compreendemos a tentação unilateralista, bem como o desinvestimento nas organizações internacionais. Representam uma falta de visão política que corre o risco de repetir os erros de há quase cem anos", referiu.
No seu discurso, Marcelo deixou
elogios ao mandato “lúcido, dinâmico e excepcional” de António Guterres e
reafirmou que Portugal defende todas as suas prioridades.
“O multilateralismo, assente no Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas, a reforma do Sistema das Nações Unidas, a prevenção de conflitos, a manutenção e sustentação da paz, a preocupação com as migrações e os refugiados, o combate ao terrorismo e aos crimes internacionais, os oceanos e a segurança marítima, as alterações climáticas e a Agenda 2030, a igualdade de género e a aposta nos jovens.”
Continuando com as críticas ao discurso do líder norte-americano, Marcelo esclareceu que “Portugal entende que a ação multilateral, o diálogo político e o bom senso diplomático são o único caminho possível para a convivência entre as nações e os povos”.