27 set, 2018 - 14:22
Os trabalhadores da Uber e da Cabify saíram às ruas de Madrid, esta quinta-feira, para protestar contra os taxistas.
Em Espanha, o Governo planeia restringir o transporte urbano e limitar as viaturas nas cidades e comunidades autónomas, o que poderá desempregar muitos condutores privados a trabalhar para as plataformas digitais.
O cenário, oposto ao que vemos em Portugal, passou por uma fase bem semelhante. Em agosto, os taxistas espanhóis marcharam em Madrid contra a concorrência desleal das plataformas digitais. Em resposta, o Governo planeou criar uma nova lei contra as plataformas digitais de transportes e passar a decisão para as câmaras municipais e governos autónomos. Segundo a associação dos trabalhadores de Uber e Cabify, poderão estar em causa 15 mil postos de trabalho.
A nova lei diz que, além da licença de transporte municipal que os trabalhadores das plataformas já têm, devem também ter uma licença de circulação municipal. Ora, isto poderá permitir aos municípios restringir as licenças dadas e retirar algumas, já que trará uma imposição sobre o número de carros privados com licença que pode haver, relativamente ao número de táxis: apenas poderá existir um Uber para 30 táxis e, actualmente, a média está em um Uber para cada seis táxis. Em Madrid, por exemplo, existem 15.523 táxis e 5.277 veículos privados com licença de transporte de passageiros a trabalhar para Uber ou Cabify. Longe da proporção de 1/30 pensada.
Na quarta-feira, os trabalhadores da Uber e da Cabify já tinha protestado contra a medida, oferecendo viagens gratuitas nas grandes cidades (embora a Cabify tenha mantido o limite nas viagens até 30 euros, para prevenir custos demasiado grandes para os protestantes). Os taxistas que, tal como em Portugal, protestaram contra a concorrência desleal das plataformas digitais, disseram que o protesto através de viagens gratuitas é ilegal.
Durante as viagens gratuitas, os condutores contam aos passageiros o porquê da manifestação, o dia-a-dia dos condutores e as dificuldades que poderão passar, caso a lei seja aprovada.
O protesto contou com apenas 40 veículos a apoiar a manifestação: ao jornal "El País", queixam-se que poderiam ter tido dois mil carros a apoiar o protesto e que o Governo impediu uma concentração maior.
Depois de anos desempregados, muitos espanhóis arranjaram finalmente trabalho a conduzir para a Uber e para a Cabify. Agora, podem voltar a ficar sem trabalho. Em entrevista à Reuters, um condutor da Cabify, Juan Antonio Sastre, de 57 anos, disse não saber "o que vai acontecer a seguir, o nosso futuro é incerto", temendo que o governo regional não o permita continuar a trabalhar-