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#EleNão. Milhares de mulheres contra Bolsonaro por todo o Brasil

29 set, 2018 - 23:23 • Mia Alberti, no Brasil

Jair Bolsonaro lídera as sondagens para as presidenciais mas tem também a maior taxa de rejeição. A primeira volta é a 7 de outubro.

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Dezenas de milhares mulheres saíram à rua, em mais de 28 cidades no Brasil, para protestar contra o candidato presidencial Jair Bolsonaro. Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), que está à frente da maior parte das sondagens, mas também tem a maior taxa de rejeição entre as mulheres.

“Nós estamos a fazer história”, diz Zaíra, uma das organizadoras do evento. Veste uma t-shirt roxa - símbolo da resistência feminista - e tem escrito na cara “Ele Não”, a hashtag que se tornou viral nos movimentos contra Bolsonaro.

“Centenas de milhares de mulheres no Brasil estão na linha da frente contra o Bolsonaro”, garante. “O problema é que ele defende ideias conservadores nos costumes e na economia: ele é racista, ele é machista, ele é homofóbico e ele também é contra os trabalhadores”, sentencia.

Zaíra está no topo do autocarro parado no meio do Largo da Batata, em São Paulo. Daqui, dezenas de artistas juntaram-se ao protesto, oferecendo poemas e canções ligados à luta feminista. O veículo vai marchar pela cidade, empenhando cartazes com a cara de Bolsonaro, caricaturado com o bigode de Hitler, e com grandes letras formando o slogan "#EleNão".

Jair Bolsonaro é o candidato à frente das últimas sondagens do centro de pesquisa Datafolha. Ele lidera a corrida presidencial com 28% dos votos. As suas ideias conservadoras, baseadas na tríade “pátria, família e Deus”, valeram-lhe um grande apoio, principalmente entre as camadas mais altas da sociedade e do público evangelista no Brasil.

No entanto, alguns dos seus comentários polémicos também lhe valem a taxa de rejeição mais alta de sempre entre as mulheres: 46% do eleitorado feminino garante que nunca votará nele.

Uma destas mulheres é Miriam, nascida e criada na periferia de São Paulo, grávida de quatro meses. “Eu vim aqui porque eu preciso de um futuro melhor para o meu filho”, declara.

Miriam conta que, ao crescer na periferia, junto de comunidades negras e mais pobres, aprendeu a importância da luta pelos direitos das minorias. Emocionada, diz que é “por causa da luta, uma luta muito forte”.

“[Bolsonaro] é racista, homofóbico, ele é uma pessoa violenta e que incentiva a violência e nada disso é saudável. Nem para o meu filho nem para nenhum filho brasileiro”, diz, controlando as lágrimas.

A poucos metros de Miriam, está Daniel, também de São Paulo, a tirar selfies com as amigas com cartazes de #EleNão na mão. Para ele, estas eleições são especiais: tem 18 anos e é a primeira vez que vai votar.

Como homossexual, Daniel diz sentir-se “ameaçado” pelo discurso de Jair Bolsonaro. “Ele quer matar e eliminar todo o mundo”, diz.

Parte do mediatismo de Jair Bolsonaro advém de algumas das suas declarações mais polémicas. Em 2011, em relação aos homossexuais, disse, numa entrevista à revista Playboy: “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um [namorado] por aí.”

Mais recentemente, em agosto deste ano, o candidato foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a pagar uma multa de 10 mil reais (2.500 euros) por ter respondido a uma colega na Câmara dos Deputados: “Não te violo porque não mereces”. E, em 2015 o deputado disse, em entrevista, que “as mulheres deviam receber menos [que os homens] porque engravidam”.

Durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro negou ter algum preconceito contra homossexuais ou mulheres.

“Eles dizem que o Bolsonaro odeia gays, negros, mulheres. Então, mostrem-me um áudio ou um vídeo em que eu ataco alguém”, disse, na sua última entrevista, ao canal Jovem Pan, quando já estava no quarto de hospital onde recuperava de uma facada sofrida durante um ato de campanha.

Paralelamente ao protesto deste sábado contra Bolsonaro, aconteceram outras 14 manifestações a favor do candidato presidencial, entitulado de “Capitão” pelos seus apoiantes.

No domingo, dezenas de outras concentrações estão planeadas por todo o Brasil.

Apesar do seu sucesso nas sondagens, Jair Bolsonaro enfrenta um enorme desafio na segunda volta (marcada para 28 de outubro): a maior parte dos eleitores indecisos são mulheres, o público mais difícil de conquistar para este candidato.

Comentários
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  • Anónimo
    02 out, 2018 19:33
    Eu mandava era a escumalha que está aqui a comentar para a selva brasileira pois mostram não saber viver em democracia! E como sou simpático até lhes ofereço um dicionário para consultarem o significado da palavra "marxista". Se a burrice matasse já tinham falecido há muito.
  • Frasco
    30 set, 2018 Fafe 14:56
    É deprimente ver uma mulher grávida e defensora do aborto com uma inscrição na barriga em nome do nascituro!! Por outras palavras, a mesma mulher quando lhe dá jeito está grávida, quando não lhe dá jeito... MATA. Vamos continuar a ser governados pelas escolhas das minorias?? Afinal quem vence é quem tem mais votos ou é quem agrada a meia dúzia de dilinquentes anarquistas?? Se Bolsonaro ganhar? O que vão fazer esses parasitas? Como está na moda dizer, têm que abandonar a sua zona de conforto e fazerem- se à vida.
  • João Lopes
    30 set, 2018 Viseu 08:19
    Todos os marxistas e apoiantes de Lula, o político brasileiro da "triste figura", têm todo o direito em sair à rua e fazer propaganda pelo seu candidato!
  • JOAQUIM S.F. SANTOS
    29 set, 2018 TOJAL 23:52
    Quando o Brasil se levantou contra Dilema com milhões na rua, a comunicação social portuguesa escondeu os factos. Hoje com o protesto de esquerda a comunicação social portuguesa empolga as situações, Bem diz o padre brasileiro Paulo Ricardo "a sociedade e a cultura ocidental regem-se pela cultura marxista". E cultura quer dizer espírito. Espírito marxista.

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