01 out, 2018 - 16:12
A descoberta dos dois investigadores em imunoterapia que venceram esta segunda-feira o Prémio Nobel da Paz é revolucionária e traz esperança renovada para os doentes com cancro, considera o investigador português José Carlos Machado.
James P. Allison e Tasuku Honjo descobriram duas proteínas que podem ser desativadas, levando o sistema imunitário do doente a lutar contra o cancro.
Segundo José Carlos Machado, especialista em alterações genéticas, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular, da Universidade do Porto, a atribuição do Nobel reconhece uma grande descoberta.
“Temos de ser justos. Nos últimos tempos têm ocorrido algumas descobertas muito importantes ao nível do tratamento do cancro. Esta é mais uma delas", começa por dizer o investigador.
"Mas esta é particularmente excitante", prossegue "porque parte de um princípio bem diferente. Todas as outras tentavam atacar as mutações do cancro, defeitos intrínsecos ao tumor, ou características mais convencionais das células tumorais, mas esta é especialmente sedutora porque vai buscar a capacidade intrínseca do organismo de combater o cancro. É, desse ponto de vista, talvez a mais revolucionária, porque não?”
Portugal conhece e utiliza
O primeiro medicamento de imunoterapia foi aprovado em 2011 e tem sido usado num vasto numero de doentes com resultados muito positivos.
Em Portugal, este tipo de tratamento é já considerado um sucesso e tem-se mostrado especialmente eficaz contra o cancro da pele maligno e cancro do pulmão, com bons resultados, como refere a investigadora Maria José Oliveira, do Instituto de Engenharia Biomédica.
“Em Portugal estas imunoterapias estão a ser introduzidas e agora os novos institutos e os centros de tratamento oncológico estão a começar a utilizar estas terapias”, diz.
“Os resultados estão a ser muito promissores, isto mudou a nossa forma de tratar os tumores, o sucesso é muito significativo, com um prolongar do tempo e da qualidade de vida do doente”, conclui a investigadora.