07 out, 2018 - 11:43 • Mia Alberti, em São Paulo
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Diego Nascimento tem 29 anos e trabalha numa banca de jornais em São Paulo. As capas das revistas e dos diários à sua volta têm as últimas previsões sobre as eleições deste domingo, dia 7 de outubro.
Em anos anteriores, Diego votou em Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores. Relembra que nos tempos áureos do ex-Presidente a facilidade de encontrar emprego “tinha muita oportunidade e pouca concorrência”.
No entanto, “desde 2015 que as coisas vêm piorando”. É por isso que, este ano, o voto de Diego é outro: “Eu vou votar no Jair Bolsonaro”.
“Há muita corrupção, muita roubalheira e o PT está há muito tempo no poder. Então eu acho que o Brasil está a precisar de uma mudança”, justifica o jovem paulistano, que vai ser pai pela primeira vez em dezembro, de uma menina.
Também Daniela, dentista e mãe de um menino de sete anos, votou em Lula anteriormente, mas este ano o seu candidato é Bolsonaro. No seu entender, o candidato de extrema-direita defende os seus ideias da “família, da moral e dos costumes” e é “contra a corrupção”.
“Ele é o único candidato que não está ligado à corrupção”, diz Daniela durante um passeio por São Paulo com a sua mãe e o filho.
Bolsonaro e Haddad: os extremos
Jair Bolsonaro é o candidato do Partido Social Liberal, de agenda conservadora. Bolsonaro lidera as sondagens com 35% dos votos. A sua vantagem tem vindo a crescer. Na última semana de campanha ganhou quatro pontos percentuais de votos.
Em segundo lugar aparece Fernando Haddad, com 22% dos votos. É o candidato do Partido dos Trabalhadores e discípulo de Lula da Silva. No entanto, o antigo ministro da Educação durante o governo do ex-presidente não foi capaz de alcançar o seu nível de popularidade.
A sua campanha tem sido apontada por muitos como uma “fachada” e o próprio partido disse que em caso da vitória de Haddad, Lula da Silva, a partir da prisão, iria decidir as políticas do governo.
Haddad e Bolsonaro estão em lados políticos completamente opostos, mas houve quem saltasse de ume extremo para o outro: quando Lula da Silva foi impedido de concorrer, 6.2% dos seus apoiantes, trocaram o seu voto para Jair Bolsonaro.
No entanto, Edna, dona de casa e nascida no Nordeste (uma região altamente beneficiada pelos programas sociais de Lula durante o seu Governo) diz que vai continuar a votar no Partido dos Trabalhadores.
“Eu acho que ele seria um bom Presidente. Eu gostei do trabalho dele durante o Governo de Lula e aqui na câmara de São Paulo [como presidente]”, diz.
Mas Edna ainda está indecisa: “nós votamos numa pessoa, nós confiamos nela, nós pomos a nossa fé nela e depois ela chega lá [ao Governo] e você toma aquele banho de água fria inesperado”.
Na verdade, seria mais fácil perguntar em quem os brasileiros não vão votar. Um sinal claro do descontentamento com a política no Brasil é que todos os candidatos têm taxas de rejeição mais altas do que intenção de votos.
A corrupção e o desemprego (que atinge 12.9 milhões de pessoas no Brasil) são os problemas mais preocupantes para os eleitores brasileiros, a par da saúde e da segurança.
É por isso que, da esquerda à direita, há algo que todos os eleitores têm em comum: sofrem com a situação atual do Brasil e todos querem mudança.