30 out, 2018 - 08:40
O Boeing 737 da Lion Air que se despenhou na segunda-feira no Mar de Java, na Indonésia, já tinha voado de forma irregular na noite anterior. O aparelho, que era novo (estava ao serviço da empresa desde agosto), registou variações pouco comuns de altitude e velocidade nos primeiros minutos da ligação entre Denpasar, na ilha de Bali, e Jacarta.
Inclusive, desceu mais de 260 metros em 27 segundos, quando deveria estar a subir. Os pilotos conseguiram estabilizar o avião e seguir para Jacarta, mas mantiveram a altitude máxima a 8.500 metros, ou seja, bem mais baixo do que os quase 10.000 metros de altitude na mesma rota, na semana anterior.
Alguns passageiros desse voo partilharam nas redes sociais preocupações com problemas com o sistema de ar condicionado e com a iluminação da cabine antes do avião partir com quase três horas de atraso.
Uma das passageiras era uma apresentadora de televisão que relatou também um ruído “estranho” no motor durante a descolagem e que permaneceu durante todo o voo. “Eu estava irritada porque, enquanto passageira que pagou a viagem, tenho todo o direito de questionar a segurança do avião”, disse, citada pela agência Reuters.
Problema “resolvido de acordo com os procedimentos”
Após o acidente de segunda-feira, o CEO da Lion Air, Edward Sirait, admitiu que o aparelho tinha tido um problema técnico no voo anterior, mas que foi “resolvido de acordo com os procedimentos”. Questionado pela Reuters, Sirait não detalhou quais foram esses procedimentos.
O avião aterrou às 23h55 (hora local) de domingo em Jacarta, dando aos engenheiros cerca de seis horas e meia, no máximo, para resolver o problema. Às 6h20 (hora local) de segunda-feira, o avião descolou do aeroporto de Jacarta. Despenhou-se no mar 13 minutos depois.
Durante os poucos minutos em que esteve no ar, voltou a registar velocidades e altitudes pouco comuns.
Os dados do FlightRadar24 mostram que o primeiro sinal de algo estava a correr mal ocorreu dois minutos após a descolagem, quando o avião atingiu os 600 metros de altitude. Nessa altura, desceu 150 metros, virou à esquerda e voltou a subir para os 1.500 metros. Começou então a ganhar velocidade, chegando a atingir os 639 km/h nos minutos finais.
O piloto chegou a solicitar o regresso à base. A torre de controlo autorizou, mas perdeu o contacto com o aparelho pouco depois.
Queda “sem barulho”
Dois pescadores que testemunharam o acidente contaram à agência Reuters que o avião balançou ligeiramente, mas não fez barulho ao cair. Mergulhou no mar praticamente na horizontal e com a frente ligeiramente para baixo. Os dois homens ouviram então uma explosão, seguida de uma grande coluna de fumo.
À hora do acidente, as condições meteorológicas eram favoráveis e com boa visibilidade.
A bordo do avião iam 189 pessoas. As autoridades admitem que terão morrido todas, sendo que alguns pedaços de corpos já foram encontrados no meio dos destroços, no mar.
As operações de busca continuam esta terça-feira. Uma das prioridades das autoridades passa por encontrar as caixas negras do avião para que se possa perceber as causas do acidente.