14 nov, 2018 - 16:55
O canal Fox News, conservador e que tendencialmente apoia a atual presidência norte-americana, anunciou esta quarta-feira que está ao lado da CNN no processo judicial que este último canal televisivo abriu contra a Casa Branca de Donald Trump, numa altura em que o líder dos Estados Unidos continua a classificar os jornalistas como "inimigos do povo".
Em causa está a retirada das credenciais de acesso à Casa Branca a Jim Acosta, um jornalista da CNN que se viu envolvido numa acesa discussão com o Presidente há uma semana, durante uma conferência de imprensa no rescaldo das eleições intercalares nos EUA.
Em comunicado, Jay Wallace, presidente da Fox News, diz que a estação televisiva por si dirigida apoia o canal rival "nos seus esforços legais para reaver a credencial de imprensa do seu correspondente na Casa Branca" e que, nesse sentido, vai apresentar um requerimento de apoio à causa judicial no tribunal onde o processo está a decorrer.
"As autorizações dos serviços secretos para jornalistas que trabalham na Casa Branca nunca deve ser usada como arma", sublinha Wallace. "Apesar de não defendermos o tom crescentemente antagónico quer do Presidente quer dos jornalistas em recentes conferências de imprensa, apoiamos a liberdade de imprensa e acesso [à Casa Branca] e debates livres em nome do povo americano."
O comunicado foi divulgado horas depois de a administração Trump ter defendido a sua decisão de retirar a credencial a Jim Acosta, dizendo que se reserva o direito "abrangente" de regular o acesso de jornalistas à Casa Branca.
Citado pela revista "Variety", um especialista em casos judiciais relacionados com a Primeira Emenda da Constituição, que garante o direito à liberdade de expressão nos EUA, defende que a CNN tomou a decisão certa em avançar com este processo em tribunal.
"Penso que têm muito pouco a perder com isto", defende Douglas E. Mirell, da sociedade de advogados Greenberg Glusker. "Do meu ponto de vista, este é de facto um processo judicial justificado que merece ser resolvido de forma apropriada, a menos que a Casa Branca determine que o custo de o enfrentar justifica que simplesmente devolva a credencial ao sr. Acosto."