15 nov, 2018 - 18:11 • Ricardo Vieira
A vaga de demissões no Governo britânico e uma eventual moção de censura a Theresa May, por causa do “esboço de acordo final” para o Brexit, preocupa o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
“Sim, na medida em que a alternativa de não haver acordo é muito pior. Leva-nos para uma incerteza que nós devemos evitar a tudo custo”, afirma o chefe da diplomacia portuguesa, em entrevista telefónica à Renascença.
Augusto Santos Silva, que está na 26.ª Cimeira Ibero-Americana, na Guatemala, considera que o acordo técnico alcançado entre os negociadores britânicos e europeus é “bastante razoável e satisfatório”.
O entendimento “consagra uma solução muito razoável para os direitos dos cidadãos, que era o ponto crítico para Portugal e para a União Europeia, dá tempo para negociarmos um acordo futuro suficientemente sólido e denso, resolve as questões dos compromissos financeiros do Reino Unido no espaço da UE, resolver as questões relativas às indicações geográficas de origem, esclarece a jurisdição do Tribunal Europeu de Justiça.”
Para o ministro português dos Negócios Estrangeiros, dentro do “facto negativo” que é o Brexit, o esboço de acordo “é a melhor solução possível”.
“Por isso, espero e confio que o Reino Unido, através dos seus procedimentos políticos internos, possa também dar o seu acordo ao texto a que os negociadores chegaram”, apela Santos Silva.
O ministro reforça que este é o “melhor entendimento possível”, apesar de considerar que “o Brexit é um facto negativo, que tem consequências negativas para todos, mais pronunciadas na nossa opinião para o Reino Unido, mas com efeitos negativos sobre todos os países europeus, entre os quais Portugal”.
O chefe da diplomacia portuguesa ressalva que Portugal e a União Europeia estão a preparar um plano de contingência em caso de não haver acordo.
“Sim, Portugal e a União Europeia, como tal. Nós mantemos a preparação do Brexit em todos os cenários. Estamos a trabalhar nisso quer ao nível europeu, coordenados com outros Estado-membros, quer a nível nacional, seja do lado da Administração Pública, do apoio às empresas ou da informação devida aos cidadãos”, sublinha.