15 nov, 2018 - 12:51 • Vasco Gandra, em Bruxelas
O presidente do Conselho Europeu marcou uma cimeira extraordinária para 25 de novembro para fechar o acordo de princípio sobre o Brexit ao mais alto nível político. Mas Bruxelas segue com preocupação os acontecimentos em Londres, onde se vivem momentos de tensão política com a vaga de demissões no Governo – o que levanta a questão sobre o futuro do acordo.
Ao início da manhã, ainda antes das demissões em Londres, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, surgiu com o chefe da equipa de negociadores da UE, Michel Barnier, para umas declarações breves perante a imprensa – sem perguntas.
“Se nada de extraordinário acontecer, reuniremos um Conselho Europeu para finalizar e formalizar o acordo do Brexit. Terá lugar no domingo, 25 de novembro, às 9h30”, afirmou Tusk num tom quase premonitório.
De facto, há algo de singular acontecer em Londres e as próximas horas e dias podem ser decisivos para o futuro do acordo (e de Theresa May). A primeira-ministra britânica enfrenta uma onda de demissões de membros do Governo que contestam o compromisso sobre os termos do “divórcio” com a UE alcançado pelas equipas negociais na terça-feira.
O Partido Conservador está dividido e o compromisso também é contestado por outros partidos no Câmara dos Comuns. O desfecho da votação no Parlamento britânico é, portanto, imprevisível e é incerto o que acontecerá no caso de rejeição pelos Comuns.
Donald Tusk também disse não partilhar “o entusiasmo da primeira-ministra” quanto ao Brexit. Com a saída do Reino Unido todos perdem, considerou o presidente do Conselho afirmando que as negociações visaram sobretudo fazer um “controlo de danos”.
Tusk afirmou que os 27 Estados-membros vão agora analisar o projeto de acordo – que tem 585 páginas – durante os próximos dias e, “se nada de extraordinário acontecer”, convoca a cimeira para 25 de novembro.
Se o projeto de acordo provoca convulsões políticas em Londres, o assunto parece mais pacífico entre os Estados-membros que ficam na UE.
Donald Tusk mostrou confiança no acordo e elogiou Barnier por ter alcançado os dois principais objetivos dos 27: garantir o controlo de danos provocado pelo Brexit e a defesa dos interesses vitais dos Estados-membros e da UE.
Por seu turno, Michel Barnier disse que foram alcançados “progressos decisivos” durante as intensas negociações dos últimos dias e que o projeto acordado pelas equipas negociais é “justo e equilibrado”.
Também o presidente do Parlamento Europeu se mostrou confiante. A instituição deverá tomar posição e ratificar o documento, mas Antonio Tajani elogiou desde já o compromisso.
“Posso dizer que estamos satisfeitos”, afirmou Tajani referindo-se aos três pontos cruciais para o Parlamento Europeu: os direitos dos cidadãos europeus que vivem no Reino Unido e dos britânicos a residir nos países da UE, a questão da fronteira entre as Irlandas e os compromissos financeiros que o Reino Unido deve assumir por sair do bloco comunitário.
A União Europeia anseia agora por acontecimentos positivos vindos de Londres.