20 nov, 2018 - 18:05
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu esta terça-feira que o príncipe herdeiro e líder de facto da Arábia Saudita “pode muito bem ter sabido” do assassinato do jornalista exilado Jamal Khashoggi, mas pretende continuar a ser um "parceiro firme" de Riade.
O jornalista e ativista, morto no consulado saudita em Istambul, era um crítico do governo saudita.
Khashoggi desapareceu a 2 de outubro depois de ter ido ao consulado da Arábia Saudita na Turquia, onde foi tratar de documentação para poder casar. Inicialmente o Governo saudita negou qualquer envolvimento, acabando todavia por vir a reconhecer que Khashoggi morreu após uma discussão que se tornou violenta, e admitindo que tinha pago a um “colaborador” para se livrar do corpo.
O Presidente dos EUA, país aliado da Arábia Saudita, começou por dar crédito à teoria de morte acidental, mas mudou de tom quando a Turquia lhe enviou provas do crime, chamando aos esforços sauditas o “pior encobrimento da história”.
Agora Trump chega mesmo ao ponto de admitir envolvimento do príncipe Mohammed bin Salman bin Abdulaziz Al Saud, que governa a Arábia Saudita em nome do seu pai, o Rei Salman. Isto depois de ter questionado as conclusões da CIA, que este fim-de-semana apontou o dedo ao príncipe herdeiro saudita.
A admissão de Trump de que Mohammed bin Salman possa ter sancionado o assassinato de Khashoggi deixa o príncipe numa posição mais frágil e sob crescente pressão internacional. O príncipe herdeiro tem estado a desenvolver importantes reformas na Arábia Saudita, e procura projetar uma imagem de moderado e reformador, mas isso ficou posto em causa com o escândalo da morte do jornalista exilado.
Contudo, Donald Trump não parece disposto a deixar que este caso interrompe as boas relações comerciais que tem com a Arábia Saudita, dizendo que o cancelamento de acordos no campo da defesa apenas beneficiaria os rivais China e Rússia, entre outros.
Num comunicado divulgado esta terça-feira, o Presidente norte-americano diz que o príncipe saudita "pode ter sabido ou pode não ter sabido" do plano para matar Khashoggi e refere que a verdade pode nunca vir a ser conhecida. "De qualquer forma", acrescenta, "a nossa relação é com o reino da Arábia Saudita."