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Bebés geneticamente modificados? "Os riscos ainda são muitíssimo significativos"

26 nov, 2018 - 19:01 • Tiago Palma

Ana Sofia Carvalho, professora de Bioética da Universidade Católica, lembra que esta técnica de edição do genoma ainda está numa fase “precoce” e os riscos ainda são “muito significativos”

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Um cientista da Southern University of Science and Technology (SUSTech), o chinês He Jiankui, garantiu esta segunda-feira à Associated Press que conseguiu, pela primeira vez, manipular geneticamente embriões humanos (no caso, duas gémeas que terão nascido em novembro) com a pretensão de garantir aos bebés resistência a infeções por VIH.

O anúncio de He Jiankui, a partir de Hong Kong, tem gerado diversas reações, do espanto à indignação e ao descrédito, na comunidade cientifica internacional.

Entrevistada pela Renascença, Ana Sofia Carvalho, professora de Bioética da Universidade Católica e membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, garante que estamos perante uma técnica de edição do genoma “muito grave”.

A especialista, que é também membro do Grupo Europeu de Ética em Ciências e Novas Tecnologias, lembra que estas técnicas ainda estão numa fase muito “precoce” e os riscos ainda são “muito significativos” para se estar a fazer este tipo de experiências num embrião

“Nem é correção de um defeito genético; é, no fundo, melhoramento de uma condição genética – o que do ponto de vista ético ainda é mais grave. Porque, realmente, estas técnicas de edição de genoma ainda estão numa fase muito precoce e, portanto, os riscos ainda são muitíssimo significativos para se começar, desde já, a fazer alterações a este nível num embrião”, explicou.

Ana Sofia Carvalho assegura que no espaço europeu não seria possível este tipo de edição do genoma.

“Nada disto era possível dentro do espaço europeu neste momento – inclusive por restrições legais, nada disto era possível. Mas estamos a falar de um mundo globalizado. E, portanto, não é porque nós temos regras restritivas relativamente à utilização destas técnicas que elas não acontecem do outro lado do mundo. É preciso é que exista uma reflecção a nível global e que se tente encontrar um consenso dentro da comunidade cientifica para que estas questões não sejam colocadas nesta fase – porque não fazem sentido rigorosamente nenhum”, concluiu.

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