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​Ucrânia vs Rússia. Coronel explica o que se passa no Mar de Azov

27 nov, 2018 - 01:19

A captura de três navios ucranianos pela Rússia no Mar de Azov abriu uma nova frente de conflito entre os dois países. À Renascença, o coronel Lemos Pires explica o que está em causa.

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O professor da Academia Militar e especialista em questões estratégicas e de defesa começa por descrever a relevância geostratégica daquela zona do globo.

“Estamos a falar de uma zona do Mar Negro para o Mar de Azov, e o Mar de Azov é fundamental para a Ucrânia. E há uma ponte, o tal estreito de Kerch. A Ucrânia não pode perder o acesso ao seu mar da Ucrânia. Às vezes, pode parecer que a questão é sobre a Crimeia, mas provavelmente não é sobre a Crimeia, é garantir a liberdade de circulação dos navios”, explica o coronel.

Para Lemos Pires, assegurar ou não a liberdade de navegação pelo estreito de Kerch até ao Mar de Azov vai ser o tema no “centro de toda a discussão política que vai acontecer entre a NATO, as Nações Unidas, a Rússia, a Europa, os Estados Unidos e a Ucrânia”.

“É aqui que vamos ver se isto vai subir muito ou se vai ficar resolvido com algumas regras internacionais mais explícitas. Esperemos que seja esse o caminho, que venha a acalmar”, sublinha.

Nestas declarações à Renascença, o coronel Lemos Pires considera que é preciso enquadrar este caso com o ambiente pré-eleitoral que se vive na Ucrânia.

“Como sempre, nestas coisas é preciso ter muito cuidado, porque uma ação precipitada e uma ação interna – sabemos que há questões internas importantes na Ucrânia - pode levar a um certo agudizar da situação”, afirma.

A Ucrânia tem eleições à porta e neste momento foi declarada a lei marcial por 30 dias, por causa do incidente com a Rússia no Mar de Azov.

“Sabemos que na política e na estratégia nunca há só razões externas, também há razões internas. Pode empolar-se um pouco a situação para ganhar aquilo que se chama a adesão a uma ideia. Isto não tem nada de novo, é histórico”, sublinha o coronel Lemos Pires.

Três navios ucranianos foram apreendidos, no domingo, pelas forças russas no Mar de Azov.

O secretário de Estado norte-americano classifica a apreensão de navios ucranianos pela Rússia como uma escalada perigosa e uma clara violação do Direito Internacional.

Mike Pompeo apela à contenção de todas as partes envolvidas nos incidentes no estreito de Kerch.

Declarações que surgem na sequência da posição norte-americana defendida na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A embaixadora Nikki Haley afirmou ser, neste momento, "impossível" uma "relação normal" com Moscovo.

Por sua vez, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, já exigiu à Rússia a libertação imediata de navios e marinheiros ucranianos.

O Governo português também manifestou "séria preocupação" com os incidentes entre navios russos e ucranianos no estreito de Kerch e reafirmou o seu apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia.

"O Governo português manifesta a sua séria preocupação com os graves incidentes ocorridos entre navios russos e ucranianos no estreito de Kerch, que liga o Mar Negro ao Mar de Azov", indica uma nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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