28 nov, 2018 - 06:47
Dados da caixa-negra do Boeing da Lion Air mostram que os pilotos tentaram contrariar o sistema automático de segurança que obrigava o avião a descer, segundo um relatório preliminar das autoridades indonésias que investigam o acidente de outubro.
Os investigadores estão agora a concentrar-se em perceber se as informações incorretas dos sensores levaram o sistema do Boeing a forçar o nariz do avião para baixo, originando o acidente a 29 de outubro, que causou a morte às 189 pessoas que se encontravam a bordo.
O voo JT610 da companhia Lion Air caiu no mar 13 minutos depois de descolar de Jacarta com destino a uma ilha vizinha e logo após o piloto pedir para regressar ao aeroporto na capital indonésia.
O relatório preliminar também concluiu que a companhia aérea de baixo custo Lion Air deve tomar medidas "para melhorar a cultura de segurança" da empresa e garantir que "os documentos operacionais" que registam os reparos das suas aeronaves "estejam bem preenchidos e documentados".
O relatório preliminar sobre o acidente publicado um mês após o acidente não revela as causas do acidente e um relatório final não é esperado antes do próximo ano, mas fornece recomendações e informações sobre o progresso da investigação.
Os investigadores levantaram inicialmente a hipótese de na origem do acidente ter estado um problema no sensor de velocidade e de incidência do Boeing 737 Max. Uma das caixas negras, a que colige os dados do voo, foi encontrada, mas não aquela que regista o áudio na cabine.
Falhas no sistema de controlo
As autoridades indonésias já tinham detetado erros no sistema de controlo de voo do avião da Lion Air antes de este cair no Mar de Java.
O diretor do Comité Nacional de Segurança nos Transportes (KNKT), Soerjanto Tjahjono, indicara já que os sensores do Boeing 737 MAX 8 que calculam o ângulo de ataque registaram uma diferença de 20 graus entre os dois lados do avião durante o voo anterior ao do acidente, entre Denpasar e Jacarta.
O ângulo de ataque de um avião é o ângulo que se forma entre a asa e a direção do ar que incide sobre esta e é um parâmetro que influencia a capacidade do avião em se manter no ar.
"Os pilotos realizaram alguns procedimentos e finalmente conseguiram resolver o problema e pousar em Jacarta", informou Soerjanto num comunicado, sublinhando que os dispositivos foram substituídos antes de voar novamente.
O mesmo responsável também indicou que o problema com estes indicadores de ângulo de ataque está relacionado com os erros apresentados pelo indicador de velocidade aerodinâmica nos últimos quatro voos da aeronave, de acordo com dados obtidos a partir de uma das caixas-negras.