07 dez, 2018 - 17:58 • Filipe d'Avillez
Annegret Kramp-Karrenbauer foi eleita esta sexta-feira líder da União Democrata Cristã da Alemanha, conhecida pela sigla alemã CDU, substituindo Angela Merkel. Como tal é muito possível que venha a ser a futura chanceler da Alemanha, uma posição de grande destaque na cena internacional.
Mas quem é a mulher a quem alguns se referem pelas iniciais AKK e outros apelidam de “mini Merkel”?
Com 56 anos, a sua experiência anterior inclui ter sido primeira-ministra regional de Saarland, onde ganhou a reputação de hábil construtora de coligações. Em termos de opiniões políticas é próxima de Merkel e foi vista como a candidata da ainda chanceler, ao ponto de o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha ter lamentado que a sua eleição inaugura a era “Merkel 2.0”.
Há, contudo, algumas diferenças, incluindo na política social. A nova líder defende quotas para mulheres nas administrações das grandes empresas e defende uma linha mais dura para com a Rússia de Putin, devido à crise na Ucrânia.
Kramp-Karrenbauer esteve envolvida na política toda a sua vida e o seu marido sacrificou a própria carreira em engenharia para ficar em casa a cuidar dos três filhos rapazes do casal para que ela se pudesse dedicar às atividades dentro da CDU.
Tornou-se a primeira mulher a ocupar-se do ministério do Interior na história da Alemanha, com apenas 38 anos.
No seu discurso de aceitação, esta sexta-feira, brincou com as expetativas à sua volta. “Tenho lido muito sobre o que sou e quem sou: ‘mini’, uma cópia, apenas ‘mais do mesmo’. Caros delegados, coloco-me diante de vós tal como sou e como a vida me fez, e tenho orgulho disso”.
“Aprendi o que é liderar”, disse ainda, “e sobretudo aprendi que a liderança tem mais a ver com a força interior do que com o barulho que se faz no exterior”.
Fã confessa dos AC/DC, a política fala francês e dedica parte do seu tempo livre a tentar aperfeiçoar a língua. É também adepta de futebol, tendo feito parte do Conselho de Curadores da FIFA para o Mundial de Futebol Feminino, que se disputou na Alemanha.
Em termos religiosos Annegret Kramp-Karrenbauer assume-se como católica, embora não particularmente convicta e de prática irregular. Numa entrevista ao “Zeit” descreve como foi difícil aceitar que os seus irmãos podiam ser acólitos mas ela não, e apela à ordenação de mulheres, dizendo ainda que embora o sue partido tenha cristão no nome, não se trata de fazer política confessional.
“É importante para mim sublinhar que não fazemos – e eu não faço – política cristã. Isso seria uma exigência impossível de cumprir. Fazemos política com base na visão cristã do homem. É uma coisa diferente”, afirma.