10 dez, 2018 - 19:10 • Ricardo Vieira, com agências
O Presidente francês, Emmanuel Macron, admite falhas, compreende o descontentamento da população e anunciou um conjunto de medidas, mas também criticou a violência nos protestos dos "coletes amarelos" e os políticos que tentam aproveitar a ira dos manifestantes.
Numa declaração ao país após semanas de manifestações e violência nas ruas, Macron admitiu que "o descontentamento em França é profundo e, em muitos casos, justificado”.
O chefe de Estado anunciou um pacote de medidas de emergência, com destaque para um aumento de 100 euros do salário mínimo nacional, a partir de janeiro, que passa de 1498 para 1598 euros.
O aumento da taxa para a Segurança Social dos pensionistas que ganhem menos de dois mil euros por mês também será cancelado em 2019.
No âmbito das medidas de emergência anunciadas, as horas extraordinárias passam a ser livres de impostos a partir do próximo ano.
Os patrões são convidados a atribuir um bónus aos trabalhadores no final do ano, que será livre de impostos, acrescentou.
Emmanuel Macron adianta que não vai reintroduzir o imposto sobre grandes fortunas - uma das exigências dos "coletes amarelos" -, mas defende uma aposta reforçada no combate à fraude fiscal.
“Vamos responder à emergência social e económica com medidas fortes, reduzindo taxas mais rapidamente, mantendo a despesa controlada, mas não com inversões de marcha”, declarou.
"Violência não será tolerada"
Apesar de reconhecer a justiça de muitas das reivindicações dos manifestantes, o Presidente francês criticou a violência nos protestos dos "coletes amarelos", os elementos extremistas infiltrados e avisa que "a violência não será toleada".
Macron também lançou farpas aos políticos que estão a tentar aproveitar o descontentamento dos franceses e as manifestações para marcaram pontos nas sondagens.
Nesta declaração ao país, após quatro semanas de protestos, Macron admitiu falhas e reconheceu que algumas das suas afirmações feriram as pessoas.
"Eu assumo a minha parte. Posso ter transmitido a ideia que tenho outras preocupações e prioridades. Sei que alguns de vocês ficaram magoados com as minhas palavras."
Afirmou que nos seus 18 meses de presidência não conseguiu dar resposta a uma "doença" de 40 anos na economia e na sociedade, com o agravamento das condições de vida e dos serviços públicos.
Mas Macron acredita que será capaz de resolver os problemas que afligem a França. Os próximos tempos dirão se as medidas anunciadas vão conseguir estancar as manifestações.
Horas depois desta comunicação ao país, o secretário de Estado responsável pelo Orçamento, Olivier Dussopt, disse que as medidas deverão custar entre oito e dez mil milhões de euros.
“Estamos no processo de afinar as medidas e de saber como as vamos financiar”, afirmou o secretário de Estado de Macron.
[notícia atualizada às 21h41]