10 dez, 2018 - 15:37
A primeira-ministra britânica confirmou esta segunda-feira a sua intenção de adiar a votação ao acordo de Brexit negociado entre Londres e Bruxelas, que estava marcada para terça-feira.
Depois de várias horas de rumores, Theresa May surgiu perante os deputados da Câmara dos Comuns pelas 15h30 para confirmar que a votação será adiada, não havendo para já nova data para o voto.
"Se a votação fosse amanhã, o acordo seria rejeitado por uma margem significativa", começou por declarar.
Em referência à solução "backstop", negociada para "proteger o futuro da Irlanda do Norte" no pós-Brexit, a chefe do Governo explicou que tinha esperanças de que as alterações a essa medida bastassem para que o acordo técnico fechado com a União Europeia fosse aprovado pelos deputados britânicos.
Sob fortes apupos das bancadas da oposição, sobretudo dos escoceses do SNP e dos trabalhistas, May voltou a sublinhar que o acordo em causa "é o melhor que era possível negociar com a UE" e explicou que, "nos próximos dias", vai reunir-se com os líderes dos 27 Estados-membros para tentar renegociar alguns pontos-chave do acordo de saída, entre eles o "backstop".
"Esta Câmara enfrenta uma questão muito mais fundamental" do que a aprovação do acordo, acrescentou May. "Quer esta Câmara cumprir o Brexit? Se a resposta for positiva, como eu julgo que uma maioria dos deputados quer, então temos todos de nos questionar se estamos preparados para fazer cedências. Muitos dos aspetos mais controversos deste acordo, incluindo o "backstop", são factos deste ou de qualquer outro acordo."
A primeira-ministra sublinhou ainda que a livre circulação de pessoas, obrigatória caso o Reino Unido pretenda continuar a integrar o mercado único europeu, "não é compatível" com o resultado do referendo de 2016, em que uma maioria qualificada dos eleitores votou a favor da saída da UE.
Na fase de perguntas e respostas à chefe do Governo, Jeremy Corbyn, líder do principal partido da oposição, acuso o Governo de "perder o controlo" e acusou May de não estar a enfrentar a realidade.
"Sabemos há pelo menos duas semanas que o pior acordo do mundo negociado por Theresa May ia ser rejeitado pelo Parlamento, porque é danoso para a Grã-Bretanha", referiu o líder dos trabalhistas.