19 dez, 2018 - 14:50 • Redação
A Casa Branca deu esta quarta-feira ordens ao Pentágono para a retirada total das tropas norte-americanas da Síria, confirmou uma fonte oficial ao canal "CBS News". Ao mesmo tempo, outra fonte avançou à Reuters que todo o pessoal diplomático dos EUA vai ser retirado do país nas próximas 24 horas.
De acordo com essa fonte à agência, a decisão surgiu depois de um telefonema entre Donald Trump e o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, na passada sexta-feira. "Tudo o que está a acontecer é a implementação do acordo alcançado nessa chamada."
A informação chegou depois de a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, ter avançado em comunicado que a retirada já está em marcha. "As tropas dos EUA começaram a regressar a casa no âmbito da transição para a próxima fase desta campanha" no país em guerra.
O comunicado surgiu horas depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter indicado no Twitter que já não tinha razões para manter os cerca de 2.000 soldados norte-americanos no país em guerra.
"Derrotámos o ISIS [autoproclamado Estado Islâmico] na Síria, a minha única razão para continuarmos lá sob a presidência Trump", escreveu o chefe de Estado na rede social esta manhã, sem avançar mais detalhes.
Pentágono não está a bordo
De acordo com fontes do Departamento de Defesa ao jornal "New York Times", o plano do Presidente não é apoiado pelo Pentágono, cujas chefias militares consideram que esta será uma decisão prematura no âmbito da guerra civil que se arrasta há quase oito anos.
O mesmo jornal aponta que um anúncio formal da retirada pode chegar já hoje, apesar de as chefias do Pentágono estarem a tentar dissuadir o Presidente de avançar com a retirada, sob o argumento de que os aliados curdos dos EUA podem dar por si sob ataque numa potencial ofensiva militar da Turquia no terreno.
"Neste momento, continuamos a trabalhar para, com e através dos nossos parceiros na região", disse o porta-voz do Pentágono, o coronel Rob Manning, num curto comunicado em reação ao tweet de Trump.
Os Estados Unidos têm atualmente cerca de 2.000 soldados estacionados em diferentes partes do país, tropas que nos últimos quatro anos participaram nos combates contra o autoproclamado Estado Islâmico.
Já depois do comunicado da Casa Branca, o Pentágono publicou a sua própria reação. "A coligação [liderada pelos EUA] libertou os territórios controlados pelo ISIS mas a campanha contra o ISIS não acabou", avançou o Departamento de Defesa em comunicado.
Reino Unido critica decisão, Israel promete "defender-se"
Não é só o Departamento de Defesa que discorda da decisão do Presidente norte-americano.
Também no Twitter, o ministro britânico da Defesa classificou o passo de "errado", avisando que o ISIS não desapareceu, apenas mudou.
"Discordo fortemente [da decisão]", escreveu Tobias Ellwood. "[O autoproclamado Estado Islâmico] transformou-se noutras formas de extremismo e a ameaça continua bem presente."
Também em reação ao anúncio de Trump, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, garantiu que o país vai "defender-se" após a retirada da Síria.
Atualizado às 17h05