A pesar da abolição da política de filho único, o número de nascimentos na China, em 2018, vai ser o mais baixo desde 2000. As previsões dos demógrafos alertam para os riscos de uma crise demográfica no país.
“O número de nascimentos foi de 17.23 milhões em 2017. Segundo os nossos cálculos, o total de recém-nascidos a nível nacional deve cair mais de dois milhões”, disse o demógrafo He Yafu, citado pelo
jornal “Global Times”, contabilizando em 15 milhões o número de bebés no ano passado.
A China, nação mais populosa do mundo com cerca de 1.400 milhões de habitantes, aboliu a 1 de janeiro de 2016 a política de "um casal, um filho", pondo fim a um rígido controlo da natalidade que durava desde 1980. Pelas contas do Governo, sem aquela política, a China teria hoje quase 1.700 milhões.
Em 2016, o primeiro ano desde a abolição da política de filho único, o número de nascimentos aumentou, de 16,55 milhões, no ano anterior, para 17,86 milhões.
Desde então, a taxa de natalidade caiu sucessivamente, apesar de Pequim ter deixado de promover abortos forçados e multas, e aberto novas creches, passando a oferecer incentivos à natalidade.
Segundo especialistas, a queda deve-se sobretudo à redução no número de mulheres em idade fértil, um grupo que perde entre cinco e seis milhões de pessoas por ano, e aos altos custos e falta de tempo para criar uma criança.
O Gabinete Nacional de Estatísticas chinês deve publicar a cifra oficial no final deste mês, mas dados difundidos pelos governos locais apontam para um número muito aquém dos 20 milhões de nascimentos previstos pelas autoridades de planeamento familiar.
Ren Zeping, economista chefe no promotor imobiliário Evergrande Group, escreveu numa nota publicada esta semana que a China está a caminhar no sentido de uma “crise demográfica”.