14 jan, 2019 - 12:28 • Filipe d'Avillez
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, avisou esta segunda-feira que o Brexit está em risco se o seu plano for chumbado pelos deputados.
May apresentou “novas garantias” que recebeu da parte de Bruxelas, mas os seus opositores já a estão acusar de regressar a Londres com uma mão cheia de nada.
Numa conferência de imprensa ao final da manhã, May deixou um aviso: “Para todos os que querem evitar sair da União Europeia sem acordo, só existem duas soluções. Ou abandonar o Brexit, ou sair com um acordo e o único acordo que está em cima da mesa é este”, disse.
A primeira-ministra reafirmou a importância de se respeitar o voto popular, dizendo que abandonar os planos de sair da União Europeia constitui uma traição ao povo, que teria efeitos “catastróficos” na confiança popular nos seus representantes eleitos.
Durante a conferência de imprensa, May evitou ao máximo especular sobre os efeitos de um voto contra o seu plano, mas não excluiu a possibilidade de alargar o prazo do Artigo 50, invocado pelo Reino Unido para sair da União Europeia. Contudo, disse que achava que que o Governo não o deveria fazer, nem repetir o referendo.
As novas garantias trazidas por Theresa May constam de uma carta assinada por Donald Tusk e Jean-Claude Juncker, presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, respetivamente.
A principal questão em aberto é a fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, a única fronteira terrestre que o Reino Unido tem. Com a saída da União Europeia o Reino Unido pretende retomar o controlo das suas fronteiras, mas a fronteira irlandesa é praticamente impossível de controlar, pelo menos de forma tradicional, e qualquer tentativa de o fazer apresentaria grandes dificuldades para os residentes.
Bruxelas não admite que o Reino Unido fique simplesmente com uma porta aberta para a União na Irlanda do Norte, os defensores mais ferozes do Brexit não admitem que seja o Reino Unido todo a ser abrangido por uma união aduaneira com a Europa e os unionistas da Irlanda do Norte, que são um parceiro essencial para a coligação que mantém Theresa May no poder, não admitem que exista uma fronteira entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido.
Tusk e Juncker comprometem-se, na sua carta, a estudar soluções tecnológicas para a questão, que impeçam a necessidade de uma fronteira física, mas não cedem na sua exigência de estabelecer uma data limite para o fim da fronteira aberta.
Mas a oposição a May, tanto externa ao seu partido como interna, acusa-a de não trazer nada de novo, desde que adiou uma primeira tentativa de votar o acordo, em dezembro.
“A primeira-ministra voltou a desiludir. Estamos muito longe do compromisso significativo e legal que a primeira-ministra prometeu o mês passado. É uma reiteração da posição já existente da União Europeia. Mais uma vez, nada mudou”, diz Keir Starmer, o ministro sombra para o Brexit, do Partido Trabalhista.