16 jan, 2019 - 13:46 • Redação com Reuters
A primeira-ministra britânica, Theresa May, garantiu esta quarta-feira que o Reino Unido vai abandonar a União Europeia na data prevista, a 29 de março, sublinhando que o bloco europeu só consideraria alargar o período de negociações previsto no artigo 50.º do Tratado de Lisboa se houvesse um plano de saída alternativo credível.
As garantias foram deixadas um dia depois de o Governo britânico ter sofrido aquela que é a maior derrota parlamentar de um Executivo britânico em 95 anos, com uma larga maioria de deputados a votar contra o acordo de saída negociado pela primeira-ministra em Bruxelas.
"A posição do Governo é a de que vamos abandonar a União Europeia a 29 de março. A UE só alargaria o artigo 50.º se fosse realmente claro que há um plano para nos encaminhar para um acordo", declarou May no Parlamento, horas antes de o seu Governo ser sujeito a uma moção de censura apresentada pelo Partido Trabalhista no rescaldo do voto de terça-feira.
Aos deputados, May voltou a sublinhar que o Parlamento deve "cumprir o seu papel" - o de aprovar o acordo alcançado depois de uma maioria dos eleitores britânicos ter votado a favor da saída da UE em março de 2016.
A chefe do Governo sublinhou ainda que convocar eleições antecipadas iria "aumentar as divisões e trazer o caos e atrasos" ao processo e alertou que não há qualquer garantia de que uma ida às urnas fosse gerar uma maioria parlamentar confortável para firmar a saída ou qualquer outra alternativa.
Porta aberta para extensão
Nas entrelinhas das declarações de Theresa May fica uma porta aberta para se alargar o prazo definido no artigo 50.º para o Reino Unido abandonar a UE.
Apesar de ter garantido que é intenção do Governo cumprir as datas pré-definidas aquando da ativação desse artigo, a primeira-ministra aproveitou a intervenção no Parlamento esta manhã para explicar como é que essa extensão funcionaria, nomeadamente o facto de ter de ser aprovada pelos 27 Estados-membros da UE.
Segundo a Bloomberg, tanto o Reino Unido como a UE acreditam, neste momento, que alargar o prazo de negociações é inevitável. A equipa de May terá inclusivamente garantido em Bruxelas que, se o acordo fosse rejeitado como acabou por acontecer ontem, a extensão seria mesmo necessária.
[Atualizado às 14h10]