17 jan, 2019 - 17:59 • Tiago Palma
Um relatório do Departamento de Saúde dos Estados Unidos divulgado esta quinta-feira revela que "milhares" de crianças migrantes foram retiradas às famílias e separadas destas durante o ano que antecedeu um decreto de Donald Trump a ordenar o fim da separação.
Em maio de 2018, o procurador-geral norte-americano, Jeff Sessions, defendia assim a separação entre pais e filhos (que, sendo menores, não podem ser detidos) que entrassem ilegalmente nos EUA: “Se contrabandearem uma criança, vamos processar-vos, e essa criança ficará separada de vocês conforme estipulado na lei. Se não gostam, então não contrabandeiem crianças pela nossa fronteira, é simples.”
A política de “tolerância zero” da administração de Donald Trump pretendia desencorajar a imigração sem documentos (mesmo a de requerentes de asilo) e acusar criminalmente estes imigrantes.
Não tardaria a que uma reportagem da Associated Press, de visita a um centro de detenção num armazém no sul do Texas, denunciasse que as crianças eram mantidas em jaulas, em condições sub-humanas, o que geraria uma onda indignação na comunidade internacional e, inclusivamente, críticas vindas do próprio Partido Republicano, que ajudou a eleger o atual Presidente.
À época, sabia-se que mais de 2.000 crianças retiradas das famílias viviam nestas condições.
As críticas levaram Trump a recuar. E a reagir. Mesmo recusando-se a abrir as fronteiras e a permitir que os imigrantes entrassem nos EUA para pedir asilo, o Presidente norte-americano assinou um decreto que previa que as famílias ficassem detidas no mesmo espaço, mesmo que por tempo indeterminado, enquanto aguardam pela repatriação.
Isto em junho. Seis meses depois, chega agora este demolidor relatório oficial, no qual o Departamento de Saúde refere que "é desconhecido" o número de crianças atualmente separadas das respetivas famílias pelas autoridades fronteiriças.
A Casa Branca ainda não reagiu ao relatório oficial.