18 jan, 2019 - 08:58 • Redação
O jornal online de investigação "The Intercept" revelou que o principal suspeito do assassinato de Marielle Franco é um ex-militar do Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar (BOPE).
A delegação brasileira do jornal digital revela que o suspeito foi expulso da Polícia Militar por envolvimento com clãs da máfia do 'jogo do bicho', uma rede de apostas em números que representam animais, e que cometia assassinatos por encomenda.
O Intercept Brasil afirma que existem pelo menos mais “dois ex-caveiras, homens altamente treinados – capacitados numa unidade de elite mantida com nossos impostos –, que desvirtuaram o aprendizado em troca de dinheiro. Um deles é também ex-oficial, parceiro dos tempos de academia, conforme o inquérito da Polícia Civil”. Ambos terão participado no assassinado de Marielle.
Acredita-se que o suspeito seja o autor de uma série de assassinatos, inclusive a morte de dois ex-sargentos da Polícia Militar: Geraldo Antônio Pereira e Marcos Vieira de Souza, ex-presidente da escola de samba Portela e, à época, candidato a vereador.
De acordo com o inquérito analisado pelo "The Intercept", o modus operandi destes ex-militares do BOPE é sofisticado e passa por usar matrículas falsas e “armas fantasma”, que são apreendidas em operações policiais e depois usadas para cometer estas assassinatos.
“É um espólio de guerra. A maioria das armas são entregues ao estado depois de apreendidas, como requer o procedimento. Mas as melhores não são recolhidas ao depósito da Polícia Civil – são ilegalmente desviadas para a formação dos arsenais particulares dos policias corruptos. Algumas delas seriam guardadas até mesmo nos paióis dos próprios batalhões onde eles atuam”, revela o jornal online.
Pela falta de provas físicas, será através de padrões do modo de operação dos ex-militares do BOPE que a equipa de investigação conseguirá provar que o assassinato de Marielle Franco foi executado pelo mesmo grupo criminoso.
Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, foi assassinada há quase dez meses na zona central da cidade brasileira. Anderson Gomes, motorista da vereadora, foi também assassinado no mesmo ataque, depois de ter ido buscar Marielle a um debate relacionado com questões de racismo contra mulheres negras. Um encontro transmitido no Facebook. Acredita-se que o assassinato tenha sido feito por razões políticas.