23 jan, 2019 - 17:49 • Tiago Palma , Joana Azevedo Viana
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela (Parlamento), Juan Guaidó, de 35 anos, autoproclamou-se esta quarta-feira Presidente interino do país.
"Juro assumir formalmente as competências do Executivo nacional como Presidente interino da Venezuela", afirmou Guaidó perante os milhares de opositores ao regime de Maduro que hoje estão a manifestar-se em Caracas -- manifestação que o próprio Chefe da Assembleia Nacional convocou a 11 de janeiro, imediatamente após a investidura de Nicolás Maduro para o segundo mandato.
Questionado, ainda durante o discurso em que prestou juramento como Presidente interino, se temia ser preso, o líder da Assembleia Nacional garantiu: "Não temo por isso, temo, sim, pelo nosso povo, que está muito mal."
Pouco tempo depois, a Casa Branca veio comunicar oficialmente que o Presidente norte-americano Donald Trump reconhece o líder do partido oposicionista Vontade Popular como Presidente interino da Venezuela.
Trump promete "usar todo o peso diplomático e económico dos Estados Unidos para restaurar a democracia na Venezuela". "O povo venezuelano falou de forma corajosa contra Maduro e o seu regime, e exigiram liberdade e Estado de direito", declarou o Presidente norte-americano através de um comunicado divulgado pela Casa Branca.
Por sua vez, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, lembrou que Maduro tem que deixar o poder "em favor de um líder legítimo [Guaidó], refletindo o desejo do povo venezuelano". O braço-direito de Trump apelou também aos militares venezuelanos e forças de seguranças que apoiem a democracia e protejam os cidadãos.
O Canadá, através do ministério dos Negócios Estrangeiros liderado por Chrystia Freeland, foi, entretanto, o segundo país a declarar o seu apoio a Juan Guaidó e a reconhecê-lo com Presidente interino. Uma posição seguida pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que através da sua conta oficial no Twitter que "apiará politica e economicamente o processo de transição" na Venezuela.
O Paraguai, a Colômbia, o Peru, o Equador, a Costa Rica, a Argentina e a Guatemala já reconheceram igualmente Guaidó como Presidente interino legítimo da Venezuela. O México, através do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros, posicionou-se como apoiante de Nicolás Maduro, assim como o Presidente da Turquia, Recep Erdogan, o chefe de Estado mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e o Governo da Rússia.
Também a Organização dos Estados Americanos já veio "congratular" Juan Guaidó, declarando o seu desejo de que o autoproclamado Presidente interino "leve a Venezuela rumo à democracia".
Recorde-se que pelo menos quatro pessoas morreram nos protestos da última noite contra o Presidente de facto, Nicolás Maduro, anunciou hoje o Observatório Venezuelano de Conflituosidade Social (OVCS).
Segundo a organização não-governamental. uma das mortes, a de um jovem de 16 anos, teve lugar em Caracas, devido a “um ferimento por arma de fogo, durante uma manifestação” em Cátia (centro). As outras três mortes ocorreram no Estado venezuelano de Bolívar, a 600 quilómetros a sudeste de Caracas, durante protestos prévios às manifestações convocadas para esta quarta-feira.
Na localidade de San Félix, também neste Estado, a população incendiou uma estátua do antigo Presidente socialista Hugo Chávez (presidiu o país entre 1999 e 2013), da qual cortou o busto -- que foi, posteriormente, pendurado na ponte da Av. Guayana.
Entretanto, o jornal venezuelano El Nacional avança com mais quatro mortes durante os protestos desta quarta-feira, em Barinas, subindo o número, provisoriamente, para oito.