25 jan, 2019 - 20:43 • Lusa
A Amnistia Internacional Brasil (AI) afirma que as ameaças de morte ao deputado Jean Wyllys, que o fizeram desistir de assumir novo mandato no Congresso brasileiro, refletem a realidade do país, com o aumento dos discursos de ódio.
Em comunicado, aquela organização de defesa dos direitos humanos refere que a decisão de Jean Wyllys, "de abrir mão" do terceiro mandato como deputado federal (membro da câmara baixa parlamentar) e deixar o país "por temer pela sua vida" é "sintomática do atual contexto brasileiro", com um "aumento da violência baseada na discriminação de género e orientação sexual, de restrição para a atuação de defensores de direitos humanos".
"O Presidente [do Brasil] Jair Bolsonaro foi eleito com um discurso abertamente contra direitos humanos e com declarações discriminatórias contra diversos grupos sociais. O cenário que se desenha quando a mais alta autoridade de um país tem esse tipo de discurso público e agenda política é de enorme risco", acrescenta o comunicado da AI.
Jean Wyllys, um dos principais porta-vozes do movimento homossexual no Congresso brasileiro, afirmou esta quinta-feira que decidiu renunciar ao mandato de deputado federal, para o qual havia sido reeleito em outubro passado, alegando ter sofrido diversas ameaças de morte.
Também disse que irá fixar residência no exterior como medida de segurança.
Durante sua trajetória parlamentar (2011-2018), Jean Wyllys protagonizou vários embates e discussões públicas com Jair Bolsonaro no Congresso brasileiro.
A Amnistia Internacional avaliou também que "por tudo que Jean Wyllys defende e representa, as ameaças e intimidações contra ele são uma ameaça a um grupo mais amplo de defensores de direitos humanos, movimentos sociais e outros parlamentares".
"Estas ameaças são uma tentativa de gerar medo, silêncio e interromper um processo de transformação social e garantia de vida digna para as pessoas. Não é aceitável que parlamentares ou autoridades públicas sejam ameaçadas, atacadas ou assassinadas por defenderem suas ideias", destacou.
Por fim, a AI instou as instituições brasileiras a atuarem para garantir a proteção das liberdades e dos direitos humanos no país.
"As instituições brasileiras devem assumir suas responsabilidades na proteção das liberdades e dos direitos humanos no país, posicionando-se publicamente e atuando prontamente para proteger pessoas em situação de risco em decorrência de sua atuação pública, política ou de defesa de direitos", concluiu.