27 jan, 2019 - 12:50 • João Carlos Malta
O aumento da instabilidade na Venezuela faz com nos últimos tempos, não párem de chegar mais luso-venezuelanos à Madeira. Ana Cristina Monteiro, presidente da Venecom, associação de luso-venezuelanos na Madeira, garante que num ano meio as estimativas tenham subido quase para o dobro. Agora estima que na ilha estejam entre sete a oito mil.
Mas se quem chega de um cenário de violência encontra paz, não encontra trabalho. E os apoios também estão todos atrasados. A responsável diz que os serviços públicos não têm dimensão suficiente para o aumento do fluxo de pedidos.
“Não tem sido fácil, algumas pessoas conseguem adaptar-se e integrar-se. A nível social e económico, as pessoas que estão a procura trabalho na Madeira. Os apoios sociais estão atrasados, os apoios da reinserção social, estão muito atrasados”, resume.
Ana Cristina Monteiro diz ainda que a “obtenção da documentação é cada vez mais complicado”. “Os agendamentos para o SEF para conseguir um visto para uma autorização de residência por trabalho estão a ser agendadas para novembro”, denuncia.
“Há um atraso imenso, muito preocupante, no SEF”, concretiza.
Rita Morales, há um ano e meio na ilha, fala da muita dificuldade em conseguir trabalho. “Aqui o problema não é a vida, é que custa muito conseguir um trabalho. Há pessoas mas não há trabalho. Por isso, muitas pessoas pensam em sair daqui”, revela.
Rita e marido José, ambos farmacêuticos, não conseguiram ainda trabalho na área de especialização. Ela já vai no segundo trabalho, mas o cônjuge está desempregado.
“Não conseguimos pagar a renda só com um ordenado”, queixa-se Rita.
Ainda assim não pensa voltar para a Venezuela, mesmo que Maduro caia, e que o país melhore economicamente. “A nível moral e social vai demorar muitos anos . É complicado para os nossos filhos”, refere.
Segundo o Diário de Noticias da Madeira, a taxa de desemprego na Madeira está a ser influenciada nos últimos dois anos pela vinda de muitas pessoas oriundas da Venezuela. Há mais de 1500 inscritos.
Assim, “só no 3.º trimestre de 2018, o desemprego registado no Instituto de Emprego da Madeira de pessoas oriundas da Venezuela, ultrapassou o meio milhar, tantos como em todo o ano de 2016”, garante. “Comparativamente ao trimestre homólogo de 2017, traduz um aumento de 42%”.
“Não está fácil. As pessoas que conseguem saem para ir para o continente trabalhar, outras para Espanha”, conclui.