03 fev, 2019 - 22:44 • Tiago Palma
Há precisamente uma semana, seis governos europeus, incluindo o português, fizeram um ultimato ao Presidente venezuelano Nicolás Maduro, exigindo-lhe a convocação de eleições presidenciais. Ora, no dia em que finda o prazo desse ultimato, Maduro concedeu uma entrevista ao programa “Salvados” da estação televisiva espanhola La Sexta, entrevista onde garantiria que a Venezuela “não aceitará ultimatos de ninguém”.
“Isto é como eu agora vir dizer que dou sete dias à União Europeia para reconhecer a república da Catalunha", ironizou Nicolás Maduro.
Assim sendo, e não havendo convocação de eleições, Portugal, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Holanda e França vão reconhecer oficialmente esta segunda-feira Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela, um reconhecimento que Maduro rejeita, pois considera que a autoproclamação do líder do Vontade Popular, a 23 de janeiro, “não teve base legal nenhuma". E questionou: "Porque é que a União Europeia diz a um país que já fez eleições presidenciais que as tem de repetir?”
Reforçando que “há eleições presidenciais marcadas para 2024", Maduro admite, no entanto, antecipar outras: as parlamentares. “O que a Venezuela precisa é de eleições no Parlamento [órgão dominado pela oposição]. Na Venezuela há um único Presidente em exercício [Maduro], que tem os poderes económicos e institucionais. Tentámos conviver com este Parlamento, mas foi impossível”, lamentou.
Por fim, e no mesmo dia em que Donald Trump admitiu que o envio de tropas para a Venezuela era uma opção, Maduro apelidou de “maluco” o Presidente dos EUA, lembrando que fez “mil propostas” diplomáticas à Casa Branca – que é, diz, liderada por “supremacistas brancos” –, mas estas foram sempre “desprezadas” e a Venezuela foi transformada “no inimigo número um" dos EUA de outros países sul-americanos que têm, denuncia, “Governos de direita que se alinharam raivosamente à América”.
Uma Guerra estará, portanto, iminente? "A pior alternativa é a guerra – e nós não a iniciaremos. No que depender de nós, a Venezuela não vai ser um Vietname. Todos os dias John Bolton [conselheiro de Segurança dos EUA] nos diz que a opção militar está sobre a mesa. Eu gosto de dizer: se queres a paz, prepara-te para a defender. E nós estamos a preparar-nos", referiu Nicolás Maduro.