04 fev, 2019 - 23:21
O Presidente da Venezuela anunciou esta segunda-feira uma jornada de recolha de assinaturas em todas as praças Bolívar, quartéis e escolas do país, para exigir aos Estados Unidos da América que cessem as "ameaças" contra o Governo.
"A partir de quarta-feira inicia-se uma grande jornada nacional para recolher as assinaturas de todo o povo venezuelano para entregar na Casa Branca", disse Nicolás Maduro.
O chefe de Estado falava no Batalhão de Infantaria Paraquedista Coronel António Nicolás Briceño, na cidade de Maracay (a 100 quilómetros a oeste de Caracas), por ocasião das celebrações do 27.º aniversário do 4 de Fevereiro de 1992.
Naquela data ocorreu uma frustrada intentona golpista contra o então Presidente constitucional Carlos Andrés Pérez (presidiu ao país entre 1974 e 1979, e 1989 e 1993) liderada por quatro tenentes-coronéis do exército, entre eles Hugo Chávez (que foi chefe de Estado de 1999 a 2013).
"Peço ao povo para pôr a sua assinatura em todas as praças Bolívar, quartéis, fábricas, escolas. Vamos ser milhões assinando, para que a voz da Venezuela se faça ouvir e vá surgindo uma onda pacifista", declarou Nicolás Maduro.
Em todas as localidades do país existe uma praça Bolívar, em homenagem ao político venezuelano Simon Bolívar, considerado o libertador de vários países da América Latina, incluindo a Venezuela.
Nicolás Maduro insistiu que o povo venezuelano não quer uma intervenção "gringa" (norte-americana) e que o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, prepara um ataque militar contra a Venezuela.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos da América e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, maioritariamente da oposição, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
Portugal reconhece e apoia a legitimidade de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela com a missão de organizar eleições presidenciais livres e justas, anunciou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Por seu lado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, informou que acompanha a decisão do Governo, transmitida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.
Portugal e outros 18 países da União Europeia assinaram hoje uma declaração conjunta de reconhecimento a Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, maioritariamente da oposição, como "presidente interino da Venezuela" com o objetivo de convocar "eleições presidenciais livres, justas e democráticas".