08 fev, 2019 - 16:41 • Filipe d'Avillez
Nicolás Maduro disse esta sexta-feiraque está disposto a dialogar com a Europa e com a oposição na própria Venezuela, mas sublinhou que essa mesma oposição não quer eleições, mas sim tomar o poder de assalto e “impor um Pinochet” ao país.
Numa conferência de imprensa esta tarde em Caracas, o Presidente da Venezuela disse que qualquer diálogo tem de ser com “agenda aberta”.
“Estou pronto para receber qualquer enviado do grupo de contacto da União Europeia. Contacto visual, físico e mental. E falar. Oxalá isso sirva para a União Europeia escutar a Venezuela”, disse Nicolás Maduro.
Questionado sobre se estaria disposto a aceitar novas eleições presidenciais, Maduro disse que essa não é a vontade dos venezuelanos.
“Qualquer diálogo tem de ser com agenda aberta. E tem de ser feito para respeitar a Constituição. Tem de ser um diálogo de todo o país, e não de cúpulas. Um grande diálogo social, político, cultural e humano, que dê um exemplo da democracia venezuelana ao mundo”, afirmou, antes de ressaltar que “nós vamos para o diálogo reivindicar a Constituição”.
“Quais são as prioridades dos venezuelanos? Fazer eleições? Creio que não. Esta é a minha convicção. A prioridade dos venezuelanos é a estabilidade e o crescimento da economia, acima de tudo. A segunda grande prioridade é a paz. Paz com soberania, com liberdade. E o terceiro nível de prioridades é a estabilidade institucional e política.”
Maduro disse que quer ver o povo a votar, sim, mas para uma assembleia constituinte, uma vez que a assembleia nacional, a que preside Juan Guaidó, autoproclamado Presidente interino do país, está nas mãos de estrangeiros.
O Presidente deu a entender que os países do Ocidente apenas estão contra o seu regime por causa do petróleo, dizendo que “se a Venezuela produzisse farinha, não estaria no centro do furacão imperialista”.
Apesar de a oposição e muitos países ocidentais exigirem eleições presidenciais, Maduro diz que isto não passa de um subterfúgio.
“Esta oposição não quer eleições. Se disséssemos que íamos a eleições em 30 dias, eles inventavam razões para não ir, como fizeram em 2018”, disse. “O que eles querem é fazer um golpe de Estado. Querem impor-nos um Pinochet”, concluiu Nicolás Maduro.
Ajuda humanitária? Dêem-na aos colombianos
O Presidente da Venezuela continua também a rejeitar a entrada de ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos, e cuja distribuição seria coordenada pela oposição.
Esta semana forças venezuelanas bloquearam a ponte que liga a Colômbia à Venezuela e por onde se esperava que passasse a ajuda humanitária. Esta tarde, na conferência de imprensa, Maduro voltou a dizer que esta não vai chegar ao país, sugerindo antes que seja distribuída aos pobres na fronteira colombiana.
O Presidente insiste que não existe qualquer crise humanitária no país e que a informação que aponta nesse sentido foi inventada para justificar uma intervenção americana na Venezuela.
Maduro disse mesmo que o regime ia abrir o seu próprio corredor humanitário, mas sem especificar onde, nem que ajuda iria distribuir.
[Notícia atualizada às 17h48]