Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Golpe na Venezuela

Trump e Putin preparam resoluções opostas sobre Venezuela para Conselho de Segurança da ONU

11 fev, 2019 - 21:12 • Lusa com Redação

EUA consideram que a Assembleia Nacional representa "a única instituição eleita democraticamente" na Venezuela. Proposta russa defende que o diálogo é a única via para resolver a crise no país.

A+ / A-

Os Estados Unidos e a Rússia estão a preparar resoluções opostas em relação à Venezuela para apresentar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, com os americanos a apoiar a oposição, e os russos atrás de Maduro.

No esboço da resolução que os norte-americanos pretendem apresentar, e avançada hoje pela agência EFE, estes consideram que a Assembleia Nacional venezuelana, composta maioritariamente pela oposição, representa "a única instituição eleita democraticamente na Venezuela" e apoiam as suas ações.

A proposta considera que as eleições de maio de 2018, nas quais Maduro foi reeleito, não foram "nem livres, nem justas", e sugere que a realização de um novo sufrágio é a alternativa para sair da crise no país.

De acordo com a agência noticiosa espanhola, a resolução dos EUA exige, "imediatamente", o começo de um "processo político que leve a umas eleições presidenciais livres, justas e credíveis" sob escrutínio internacional, apelando ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para utilizar "os seus bons serviços" neste sentido.

O texto dos EUA sublinha ainda a necessidade de garantir "a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional e dos membros da oposição política", alertando para a "violência e uso excessivo da força por parte das forças de segurança contra manifestantes pacíficos".

O esboço da proposta de resolução dos representantes de Washington menciona ainda a situação humanitária, enfatizando a necessidade de "evitar uma maior deterioração" e de "facilitar o acesso e a entrega de assistência a todos aqueles" que dela precisam naquele país da América do Sul.

Por outro lado, a proposta da Rússia considera que a situação na Venezuela representa um assunto interno e critica qualquer interesse em intervir, de acordo com fontes diplomáticas ouvidas pela Efe.

A proposta russa defende que o diálogo é a única via para resolver a crise na Venezuela e mostra-se preocupada pelas ameaças de uso de força.

Por ambos serem membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, tanto os Estados Unidos como a Rússia têm a capacidade para vetar a resolução oposta.

Em 26 de janeiro, a crise venezuelana foi discutida formalmente numa sessão pública de um Conselho de Segurança que se mostra dividido.

Na altura, a Rússia tentou, sem êxito, travar a celebração dessa reunião - uma posição partilhada por outros três países: China, África do Sul e Guiné Equatorial -, mas os nove votos a favor (e duas abstenções) foram suficientes para o Conselho de Segurança avançar com iniciativas.

Quanto a uma possível votação, não há uma data prevista, dado que os embaixadores dos 15 países estão em viagem oficial a África.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+