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Cardeal venezuelano à Renascença. Impedir entrada de ajuda humanitária “é um gesto desumano”

22 fev, 2019 - 20:24 • Pedro Mesquita

Administrador apostólico de Caracas pede a Nicolás Maduro que ouça o “clamor do povo”.

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D. Baltazar Porras entrevistado por Pedro Mesquita

O encerramento de fronteiras para impedir a entrada de ajuda humanitária na Venezuela é um ato “desumano” e Nicolás Maduro deve ouvir o “clamor do povo”, apela em entrevista à Renascença D. Baltazar Porras, arcebispo de Mérida e administrador apostólico de Caracas.

Um grupo de indígenas tentou esta sexta-feira abrir um corredor humanitário para garantir a entrada de ajuda, mas as forças de segurança intervieram de imediato. Dos confrontos resultaram dois mortos, confirma o cardeal.

Como está a situação na fronteira com o Brasil?

Pelas informações que recebemos da fronteira com o Brasil, em Santa Helena, é que os confrontos entre indígenas e efetivos da Guarda Nacional resultaram dois mortos e mais de 20 feridos. É uma situação muito tensa e difícil de avaliar com exatidão.

Como é que o senhor cardeal vê este encerramento de fronteiras decidido por Nicolás Maduro, que impede a entrada de ajuda humanitária?

A necessidade de ajuda humanitária põe em evidência a crise que vive o país. Negar a sua entrada é um gesto desumano. Há muitas pessoas em situação vulnerável, principalmente crianças e idosos, todos quantos necessitam de tratamento. Não serem assistidos diminui a qualidade de vida e pode conduzir à morte. É por isso necessário uma mudança profunda na sociedade venezuelana para que possamos viver em paz.

Acredita que Juan Guaidó pode ser a solução para garantir eleições?

Bom, neste momento, como assinalaram a Conferência Episcopal e outras instâncias, vivemos numa situação de ilegitimidade por parte do regime atual. O único poder público que tem legitimidade porque foi eleito em condições normais foi a Assembleia Nacional.

Que conselho daria a Nicolás Maduro neste momento?

Que escute o clamor do povo. Todas estas manifestações e marchas são espontâneas porque a necessidade é muito grande: a fome, a falta de medicamentos e a falta de segurança têm que ter uma resposta. Deve ouvir o clamor do povo para que se garanta aquilo que nos pode favorecer a todos e que seja o povo a decidir o seu presente e o seu futuro.

Acredita que a mudança está para breve, que haverá eleições em breve?

O caminho desejado pela população venezuelana é que se criem condições para que se realizem eleições livres. Há que ter paciência e procurar todas as vias pacíficas que permitam cumprir esse objetivo.

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