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Venezuela. Morreram mais de 1.600 pessoas por falta de medicamentos nos hospitais em dois meses

22 fev, 2019 - 17:16 • Redação com Lusa

Situação calamitosa no serviço de saúde denunciada por organização de médicos depois de um inquérito nacional em 40 unidades hospitalares.

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Mais de 1.600 pessoas morreram na Venezuela desde novembro, por falta de material médico e por cortes de eletricidade em unidades de saúde, segundo um inquérito a hospitais venezuelanos revelado hoje.

Os dados foram recolhidos em 40 hospitais e unidades de saúde, registando-se 1.557 mortes por falta de materiais médicos e 79 nos períodos em que ocorreram cortes de eletricidade nas instalações.

Estes números têm por base uma pesquisa nacional em hospitais publicada na quinta-feira, realizada entre 19 de novembro de 2018 e 9 de fevereiro deste ano. inquérito foi realizado em 40 hospitais em todo o país.

O relatório anexo destaca que, em termos de emergências em território nacional, foi descrito que a 75% dos centros falta morfina, em 66% falta medicação para tensão alta, nas salas de cirurgia 60% relataram a escassez de analgésicos, e 46% em material descartável para pacientes.

Segundo o porta-voz da organização Médicos pela Saúde, Gustavo Villasmil, 756 pacientes morreram por causa de “traumas graves” e 801 sofriam de doenças cardiovasculares, problemas que não puderam ser tratados por escassez de recursos nos hospitais.

A Venezuela vive há pelo menos cinco anos com escassez de medicamentos e de material médico, mas a situação agravou-se recentemente.

Hoje, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou a chegada de 7,5 toneladas de medicamentos e material médico provenientes da Rússia e destinados a três hospitais em Caracas e no Estado de Bolívar.

Maduro continua a rejeitar a ajuda humanitária oferecida pelos Estados Unidos da América e por outros países e que se encontra na Colômbia, no Brasil e no Curaçau à espera de autorização para entrar no país.

A crise política na Venezuela, onde vivem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder do parlamento venezuelano, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres, mas Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, fala numa tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

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